Aerograma Siciliano
Afonso Loureiro
À medida que a aventura angolana se aproxima do fim, agravam-se os receios de que o Aerograma se torne mais difícil de escrever por falta de assunto ou medo da repetição. Há alturas em que o artigo diário parece ser demasiado ambicioso, mas tenho conseguido.
Recentemente fiz uma pausa na escrita, tendo deixado o Aerograma entregue a si próprio e às reservas acumuladas durante os dias em que vários artigos se alinhavam para publicação. Recomecei a escrever in extremis, sem grande margem de manobra para preguiças ou bloqueios. O dia seguinte tinha de ser assegurado.
Procurando inspiração, revi fotografias das férias, ainda muito atrasadas na catalogação e ordenação. Algumas passo à frente mais depressa porque a comparação com o que vejo pela janela em Luanda é demasiado chocante.
Ainda antes de ter encontrado assunto, cheguei a uma conclusão importante. Tenho a certeza de que o Aerograma não acabará com o regresso a Portugal. Descobri que, por esse mundo fora, vou tropeçar nele nos sítios que menos esperar. Desta feita surpreendeu-me num museu em Catânia, a rir-se para mim dentro de uma vitrina.
Ao contrário deste, o italiano carece de selo
Já há uns meses achava que o Aerograma tinha ganho vida própria. Agora tenho a certeza.
Não se preocupe com a escrita porque uma experiência em Angola dá-nos motivos para escrever o resto da vida!
Faz seis meses que regressei e não há um dia que não pense no que aí vivi…