Poliomielite
Afonso Loureiro
Talvez seja na tentativa de erradicação da poliomielite que os serviços de saúde angolanos melhor funcionam. As campanhas de vacinação têm sido suficientemente regulares para que permitam ultrapassar as debilidades que o pessoal menos preparado cause ao processo. Melhor ainda é o facto de, após as campanhas nacionais, se anunciarem campanhas locais nos municípios onde são detectados novos casos.
A doença está demasiado perto da erradicação para que se baixe a guarda, como fizeram alguns países da África Central sob o pretexto de que a pólio é uma invenção dos países que vendem vacinas. Parece que os milhares de aleijados que arrastam pés e pernas atrofiados são, também eles, uma invenção.
Na baixa de Luanda são às dezenas as pessoas com joelhos calejados que vão percorrendo as ruas contorcendo o corpo e arrastando os pés torcidos, colocando as mãos onde os outros têm nojo de pisar. Alguns vivem de esmolas, com os narizes perpetuamente ao nível dos escapes. Podem não parecer, mas são mutilados de guerra tal como os que pisaram minas ou foram alvejados.
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