A tortura chinesa
Afonso Loureiro
Nos primeiros minutos é apenas um incómodo que rapidamente se esquece. Passa-nos despercebido nas horas seguintes, até que se insinua outra vez. Esforçamo-nos por não fazer caso, mas torna-se mais insistente.
Acabamos por antecipar o próximo aviso, que sabemos que irá acontecer exactamente dois segundos após o anterior. Aquilo que ignorámos passou agora a ser um pequeno jogo. Depressa toda a nossa atenção é consumida em doses de dois segundos. Iniciamos um pensamento e vamo-lo interrompendo segundo o ritmo que nos tem acompanhado desde manhã cedo.
A meio da tarde, a distracção torna-se uma tortura. Só nos conseguimos concentrar no que nos queremos abstrair. Contamos o tempo entre apitos, confirmando o que já sabemos – nunca terminarão e haverá sempre dois segundos de pausa. Outro. Pausa. Outro. Pausa. Outro. Outro, outro, outro…
Às tantas, a única imagem que nos vêm à cabeça é a da tortura chinesa da água, com alguém amarrado a uma cadeira e uma gota a martelar-lhe a testa dias a fio.
É muito difícil dividir o escritório com uma UPS a reclamar de uma bateria avariada… Estou desejoso que chegue a bateria nova!
Ahahaha. é bem verdade…mesmo tortura. Pior que isso só os 1ºs tempos da Media Markt em Sintra. O beeps dos alarmes faziam um efeito alucinante. Não aguentava entrar naquela loja. Acho que já baixaram para 1 beep a cada 3 segundos…nada mau.