Seguro automóvel
Afonso Loureiro
A maioria das seguradoras internacionais exclui Angola das suas coberturas de seguro automóvel por acharem o risco demasiado elevado. Basta olhar para a Carta Verde e vemos que quase todos os países africanos estão cortados. As condições das estradas e o estilo de condução assim o ditam.
Mesmo assim, as companhias de seguros angolanas contratavam seguros contra terceiros a quem quisesse. Por não serem obrigatórios, quase só as empresas e estrangeiros o faziam e, apesar do elevado risco de acidente, as apólices não eram muito caras porque as companhias entendiam que os condutores que contratavam seguros eram um pouco mais cautelosos que a maioria.
Despistou-se numa recta
A partir de Fevereiro de 2010 a situação mudou e o seguro automóvel tornou-se obrigatório. Até então os preços acessíveis das coberturas eram definidos pelas próprias seguradoras. Temendo que o maior risco conduzisse a um aumento exponencial dos preços das apólices, o Governo estabeleceu um valor base para o seguro obrigatório, quase três vezes superior ao praticado pela maioria das seguradoras antes da entrada em vigor da lei. Hoje em dia, para se conduzir um carro em Angola é necessário desembolsar qualquer coisa como cinco ordenados mínimos anuais só em seguro.
Como curiosidade, apesar da moeda oficial ser o kwanza e o Governo tudo fazer para que as transacções em moeda estrangeira diminuam, o prémio do seguro obrigatório é de cem mil dólares. Os kwanzas continuam apenas a servir de trocos.
Continua a haver muitos carros sem seguro. A polícia sabe-o, mas não tem controlado com muito afinco esta questão, em contraste com o que aconteceu quando verificavam se os carros tinham macaco e triângulo ou cadeirinha de bébé. Sabem perfeitamente que em caso de acidente as coisas se resolverão por si, tal como acontecia antes do seguro ser obrigatório. No entanto, se forem chamados a um acidente e o culpado não tiver seguro, apreendem-lhe o carro até que este pague a multa e os estragos.
Faixa da esquerda para virar à direita, faixa da direita para seguir em frente
Quando não há seguros e a polícia não vem os condutores adoptam a técnica da apreensão civil, fazendo o mesmo que se fazia antes do seguro se tornar obrigatório. Depois da habitual discussão acalorada para determinar a responsabilidade do acidente e o custo estimado da reparação, o condutor culpado entrega os documentos do carro como penhor. Quando pagar o arranjo recebe os documentos de volta. Caso a reparação seja cara deixa também o carro e, se não tiver dinheiro para a pagar, o outro pode vendelo. Simples e funcional.
isso me faz lembrar portugal….acho q herdamos mesmo deles!!!