Estrelas
Afonso Loureiro
O céu deste hemisfério deixou-me perdido. As constelações que me eram mais familiares desapareceram e o cacimbo ou as nuvens que cobrem o céu durante grande parte do ano deixam apenas vislumbrar estrelas isoladas. É difícil reconhecer padrões e arranjar novas mnemónicas para identificar as estrelas.
A Lua sempre foi servindo de companhia quando voltava os olhos para cima, mas até essa me trocou as voltas, pendurando-se em direcções pouco usuais e deixando-me sempre na dúvida quanto à fase em que estaria.
A esperança de alguma vez vir a reconhecer o céu angolano foi esmorecendo à medida que a data de regresso se aproximava. Mas as surpresas acontecem e dei por mim de boca aberta a olhar para três estrelas famosas numa cidade às escuras, lá nas terras altas do café do Kwanza Sul.
Orion, ou as Três Marias
Um Orion brilhante parecia correr no céu de pernas para o ar, furando as nuvens ainda pouco densas do princípio da noite. Procurei outras constelações, mas nenhuma estava suficientemente visível para a reconhecer e, pouco depois, a nuvens fecharam o céu definitivamente. Ainda falta ver o Cruzeiro do Sul.
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