Obélix, o modelo universal
Afonso Loureiro
A arte popular, que tem desaparecido à medida que as mensagens se tornam cada vez mais homogéneas e padronizadas, continua a ser um sinal de que a autenticidade das coisas não se perdeu. Mas como a inspiração se vai buscar naquilo que nos rodeia, às vezes deparamo-nos com alguma contaminação do popular pelo produto industrial.
Obélix angolano
O mais interessante é que estas contaminações cruzam as fronteiras mais improváveis. A meio mundo de distância encontrei um gaulês famoso por ter caído a um caldeirão de poção mágica enquanto pequenino a servir de inspiração a dois artistas. Para os lados de Évora, no lugar de Santa Sofia, uma aldeia escondida atrás do viaduto da auto-estrada para Espanha, estava disfarçado de alentejano, com um bigode menos farfalhudo e certamente sonhando com javalis assados.
Obélix alentejano
Num dos bairros em volta da refinaria de Luanda encontrei-o atarefado transportando lubrificantes em vez de menires, muito longe da sua Bretanha natal. A inspiração dos artistas partiu do desenho de Uderzo, que parece ter criado uma personagem com um traço verdadeiramente popular.
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