Wir werden uns wiedersehen
Afonso Loureiro
Desde que o Cardeal Ratzinger foi eleito Papa, que tenho a sensação de que se tornou uma espécie de cobrador do fraque a tentar receber uma factura antiga, provavelmente uma dívida moral à Igreja por me terem dado banho com água fria em pequenino para dizer que me chamava Afonso e só lá ter voltado para me casar.
Desconheço as razões que o impelem, porque nesses assuntos das religiões, penso que cada um tem a liberdade de acreditar no que quiser, até no Benfica, se tiver mesmo de ser. Pensando melhor, se calhar foi a sugestão herética que uma vez dei para aumentar a afluência nas igrejas, de acompanhar as hóstias com um bocadinho de marmelada.
De qualquer das formas, para onde quer que vá, ele arranja maneira de me seguir. A primeira coisa que fez assim que soube que vim para Angola foi meter-se no primeiro avião da Alitalia com destino a Luanda. Troquei-lhe as voltas, e fui de férias na véspera da sua chegada. Quando regressei, já tinha regressado ao Vaticano, provavelmente assustado com as diárias do hotel.
Quando passei por Roma, fui discreto o suficiente para que não desse por mim. Teria sido um erro de principiante se tivesse apanhado no quintal do Senhor.
Entretanto, o Papa Bávaro soube que o meu regresso a Portugal estava para breve e resolveu antecipar-se, viajando para Portugal. A Alitalia deixou-o em Lisboa, pronto para me apanhar, mas, como chegou perto do 13 de Maio e o resto da comitiva quis ir a Fátima rezar, lá teve de ir com eles. Vai regressar sem eu ter chegado e, mais uma vez, não nos cruzamos por uma questão de dias.
Tanta gente a querer ver e Papa e eu a ver se o evito…
Eu até me dava jeito que le passasse lá pelo quintal, para me abençoar a “horta”, que as lagartas andam-me a comer os morangos…
Com sorte, o séquito comia-te os morangos mais depressa que as lagartas. Mas, por falar em lagartas, espera mais uns dias e tens por aqui uma sugestão interessante.
É a bentania…
Eu cruzei-me com ele o ano passado em Luanda, antes de regressar a Portugal, e agora volto a cruzar-me com o próprio antes de regressar a Angola!