Ganda
Afonso Loureiro
Na voltinha que dei pela província de Benguela, acabei por visitar o seu município mais oriental. Dali para a frente já era a província do Huambo.
Marcas de um passado recente
Ganda é uma terra que ilude. A antiga Mariano Machado conserva as ruas e as casas, mas não é a mesma cidade. Tal como em Luanda, existem duas cidades paralelas. Uma, o esqueleto, é a cidade colonial branca. A outra, a carne que cobre os ossos, é uma cidade africana com uma vivência muito própria. O mais curioso é que nunca se tocam, apesar de ocuparem o mesmo espaço.
Um dos edifícios mais bem conservados
Árvores caiadas
Mas Ganda é uma terra distinta de Luanda. A guerra deixou-a isolada durante décadas. Desde que o colono partiu que não muda. A linha de caminho de ferro e as estradas foram minadas, fazendo parar o tempo algures no princípio da década de 1970.
Recanto
Não fosse a dimensão, dir-se-ia uma rua portuguesa
Uma sucessão de avenidas largas e ortogonais é preenchida com vivendas com uma arquitectura característica, que aponta para um grande desenvolvimento da cidade entre 1950 e 1970.
Há muito que não vende pão
Os passeios ainda ostentam desenhos feitos com pedras pretas e brancas e fazem lembrar o cantinho que se tentou recriar aqui.
Calceteiros hábeis
O depósito de água há muito que não funciona. Foi derrubado durante a guerra e encontra-se deitado no meio da povoação.
Sonhos despedaçados
As marcas da guerra
Piscina municipal seca, tal como o depósito
A escola primária, ali ao lado, está sem telhado. Uns quarteirões mais à frente ergue-se a nova escola primária de Ganda. Um edifício mais moderno, com paredes rosa e telhado de lusalite. A escola secundária funciona nos antigos Paços do Concelho, inaugurados em 1972 e agora reduzidos a uma estrutura sem portas nem janelas.
A antiga escola
Para já sem telhado
Paços do Concelho ostentando as cicatrizes da guerra
A maioria dos alunos de ambas são adultos. Numa terra onde a guerra comandou os destinos das gentes durante trinta anos, as oportunidades têm de se agarrar quando surgem.
Medindo gasolina
No posto de gasolina não há motor para fazer funcionar as bombas e é preciso bombear o combustível à mão. Sempre que há gasolina, o que não acontece sempre, amontoam-se pessoas e bidões durante horas à espera da sua vez ou de passar à frente de alguém. As motas têm prioridade sobre os peões. Os carros têm prioridade sobre as motas.
Esperando a vez
Marcas do passado
As linhas foram cortadas há muito
No entanto, apesar das décadas de abandono, a cidade está quase isenta de marcas de guerra, que só cá chegou no dia 21 de Outubro de 1992, quando a UNITA a invadiu. A maioria dos edifícios escapou incólume, mas há algumas excepções, como a sede do MPLA que está crivada de buracos de bala e alguns tiros esporádicos noutros edifícios importantes.
Angola está cheia de crianças
De todos os tamanhos
Antigas oficinas de tractores
A linha dos caminhos-de-ferro de Benguela passava por aqui e era uma das mais importantes vias de comunicação, que permitia escoar a produção do celeiro de Angola para a costa rapidamente. Com a guerra deixou de funcionar e as infra-estruturas degradaram-se de tal forma que agora é necessário construir tudo de raiz.
Sem carris nem vagões
Está uma empresa chinesa a recuperar a linha desde Benguela. O plano prevê repor as ligações de Luanda a Benguela e daí até ao Zaire, seguindo o traçado antigo. Em Ganda já se está a preparar a base para receber os carris novos.
As crianças brincam na água da obra
Tal como muitas pequenas cidades angolanas, Ganda também tem o seu aeroporto. E, à semelhança de muitos, é apenas um troço da estrada principal mais direito que serve as vezes de pista de aterragem.
Cuidado com a cabeça
Imagens do passado colonial de Ganda podem ser encontradas aqui.
Boa tarde amigo Miguel.
~
Sou Gandense de Alma e coração.
Também já estive na Ganda algumas vezes e sinceramente não gostei do que vi e mais digo parece que cada vez pior quase me atrevo a dizer que gostei mais da Ganda em 98.
Entra em contacto comigo pois temos muito para conversar e desde já te digo que tenho um grande grupo de gandenses amigos.
jucamdr@hotmail.com
Beijinho
ola Sou Gandense de raiz nasci e vivi em Ganda,
Mais digo sinceramente que alguns anos a trás foi o pior…
atualmente, nota-se algum desenvolvimento, nomeadamente:
alguns edifícios estão sendo reabilitado, esta se prever por o asfalto em toda cidade…
ok
Abraços…
foi (Mantona)
OBRIGADO, POR REVER AS IMAGENS
Gostaria ver actualidade,6 anos depois
É bom relembrar o passado. Gostei de ver em especial, embora destelhada, a escola primária nº 37 Tenente Ataíde onde andei da 2ª à 4ª classe.
Alguém se lembra da prof. D. Emília Santos! E da Dª. Mª Antonieta Azancout de Menezes?
Gostaria de ter contacto com antigos colegas ainda vivos.
Um abraço.
Carlos Macedo
Ok ñ só gostei das imagens do meu município,como também dos seus respectivos comentários, nasci na Ganda e lá cresci até aos 8 anos, em fuçao do conflito armado vivemos todo xte tempo em Benguela. Tenho estado lá até porque a minha mãe,a grande senhora Isabel Vieira vive na Ganda.quanto a urbe julgo eu q algo xta a ser feito.
De vez em quando venho matar saudades destas páginas e sem perder a esperança de encontrar uma palavra escrita pelo meu irmão ou alguém que me diga algo sobre ele uma vez mais aqui vai o no e do meu irmão Manuel Joaquim Osório Renda de Vilar de Maçada, Trás os Montes.Aproveito para desejar um Santo Natal e que o 2015 nos traga mais respeito e Amor pelo proximo.
Beatriz Osório Lourenço
saudades e saudades. tbém estudei na escola armindo monteiro. Alguém poderá colocar umas fotos daquela escola? Ou lembra-se dos professores que lá lecionaram nos anos 1974 e 1975? Nomeadamente a professora Fernanda da Cunha, Deolinda(matemática), Danado que vivia ao lado da escola? A professora Sá Pinto da História? A Judite que foi de Desenho e Ciências naturais, e sobretudo do Contino que sempre tocava a sirena de falta de comparência do professor ou professora após 20 minutos passados? Aí que tempo bonito?
Para o José António Henriques Loureiro (Candimba ) recordo-me de ti fomos colegas na escola primária,
meu padrinho do crisma, sei que que foste viver para o Lobito, mas nunca nos voltamos a encontrar, teria muito prazer se um dia isso fosse possível, como não tenho o teu contacto podes ir ao facebook Grupo da Ganda eu sou o Victor M Dias Rodrigues e entra em contacto comigo. Abraços
Sou da Chicuma, o meu pai tinha lá a pensão, gostaria de ver contactar com alguem que me conheça, de lá. Um abraço.