Desfazer as malas
Afonso Loureiro
Por alguma razão que ainda não percebi, o esmero que tive em fechar as malas antes do regresso de Angola não se reflectiu no zelo para as desfazer. Tirei algumas coisas importantes, os livros e as últimas peças de artesanato, mas continuam quase cheias, no meio do quarto dos arrumos, à espera de vagar ou de inspiração para as esvaziar de vez.
Última mala
Estive de volta delas e numa descobri ainda alguma da roupa que usei e lavei em Luanda. Na altura queixava-me que a própria água emprestava um cheiro característico à roupa, mas é fenómeno a que, como tantas outras coisas, nos habituamos. Agora, ao fim de várias semanas em casa, já me tinha esquecido do odor da roupa que secava no estendal do quarto e, ao abrir a mala, compreendi finalmente as primeiras palavras com que a minha mãe me recebeu em Lisboa.
«Ai filho, que cheiras tão mal!»
Caro Afonso,
Algumas semanas são passadas do seu regresso de Angola.
Continuo a vir cá todos os dias e uma vez que agora estamos mais perto porque não combinarmos um encontro e tomarmos um café.
Sei que mora aqui na Linha de Sintra e eu trabalho no Sintra Business Park .Gostaria de o conhecer pessoalmente e trocarmos algumas impressões sobre a sua estadia em Angola.Se estiver disponivel podemos combinar através do meu mail pessoal.Um abraço
Rui Rodrigues