Nascimento de um livro, quarta parte
Afonso Loureiro
Poderá parecer um contra-senso começar logo pela terceira parte deste assunto, mas, ao resolver documentar o nascimento do livro, apercebi-me de que a primeira parte desse processo foi a que todos acompanharam. Os artigos que escrevi em Angola, a descoberta de um país e de um pedaço de mim mesmo, e que foram ganhando corpo e forma de livro à medida que o tempo passava.
A segunda parte foi aquela a que poucos assistiram, o trabalho sujo de cortar e aparar os artigos, juntando-os numa estrutura coesa, de corrigir as gralhas e os erros grosseiros. O primeiro manuscrito tinha mais de 1’600 páginas, reduzidas progressivamente, revisão após revisão, até cerca de 520, ao que achei ser o essencial do Aerograma. Estas foram vistas e revistas com a maior atenção, para que a fase seguinte, aquela em que as coisas se tornam irreversíveis, corresse da melhor forma.
A terceira parte do nascimento deste livro passou-se longe dos meus olhos, com quase tudo a ser tratado por e-mail e telefone. Os trabalhos de pré-impressão e imposição das páginas nos locais devidos já não passa por fotolitos ou impressoras de película industriais como as que usei no Instituto Hidrográfico. A era digital facilitou muito este trabalho, passando-se os ficheiros do computador directamente para as chapas.
É aqui que começa, finalmente, a quarta parte, a da preparação das chapas de alumínio com as separações de cores para as impressoras offset.
O processo é simples. Carregam-se as chapas virgens na máquina de transferência, carregam-se nalguns botões e, alguns segundos depois, a chapa sai.
Chapa virgem
Durante o tempo em que está na máquina, um raio LASER de alta potência grava a imagem de cada página na chapa. É um processo silencioso e apenas uma luz a piscar e um apito no final servem de testemunho do que se passa.
Gravação da chapa
A chapa de alumínio anodizado pintada de azul sai com o mesmo aspecto com que entrou. É necessário lavá-la numa solução especial para que a tinta de protecção saia e se consiga ver a gravação.
As primeiras letras surgem
O aspecto final é curioso, com as várias páginas do livro a surgir, como que por magia, num pedaço de metal com arestas afiadas. Com algum esforço mental, conseguimos fazer as dobras necessárias para montar o primeiro caderno e imaginamos já o cheiro do livro.
Primeira chapa
A seguir vem a impressão.
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