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2010
Saudades de Angola
Afonso Loureiro
Nos últimos tempos, têm-me muitas vezes perguntado se sinto saudades de Angola. A resposta é quase sempre a mesma: Sim e não.
Sim, sinto saudades dos amigos que fiz. Não sinto saudades nenhumas dos polícias e outros que me chamavam de amigo na rua. Sinto saudades das paisagens e dos horizontes largos de África, mas não me faz falta a lembrança das minas enterradas sabe-se lá onde.
Paisagem angolana
Não sinto quaisquer saudades do trânsito ou das obras nas estradas ou da lama das ruas, mas sinto saudades das conversas com o G. a caminho do Huambo e da minha Mãe negra, que também era mãe dele.
Ao fazer o balanço da estada em Angola, há certamente coisas que recordarei cheio de saudade e outras, as menos boas, irão desaparecendo da memória.
Pois esse é o principal problema das saudades que temos de Angola. Há um certo misto de amor e ódio. Há as paisagens, o cheiro, a calma das regiões remotas de Luanda, o Mussulo, a Ilha ds Pássaros, as quedas de água…Mas também há os polícias à cata de gasosa, a falta de água, o lixo e os maus cheiros de Luanda e como despedida aquele bando de patifes na alfandega do aeroporto de Luanda. Uma pesoa acaba sempre por prometer a si própria nunca mais lá por os pés.
Faz hoje precisamente 35 anos que cheguei a Portugal. Na altura a palavra ainda me fugia para “Metrópole”.
Nesse mesmo dia 5 de Outubro de 1975, à hora que eu deixava Luanda, estava a nascer, sem que eu soubesse da existência dele, aquele que havia de ser o meu genro, ou melhor, um novo filho.
Coincidências?…
Optimo!
Este é mais um blog que me dá conhecimento do que se passa na terra que aprendi a amar. Optimos assuntos que aqui encontro, continuem! Já sou seguidor, seja meu tambem em:
http://www.angolaeseusfilhos.blogspot.com
http://www.congulolundo.blogspot.com
http://www.minhaalmaempoemas.blogspot.com
Um abração e felicidades.
Mais coincidências seriam difíceis.
“Aqueles que passam por nós,não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco se si, levam um pouco de nós.”
Antoine de Saint-Exupéry
Haverá melhor descrição para a alma do viajante que se deixa contagiar pelos povos que conhece?
Melhor, acho que não.