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20  01 2011

Chafariz das Bravas

Sempre tive uma especial afeição por Beja, e uma inexplicável desconfiança, completamente infundada, de Évora. Talvez seja a própria musicalidade do nome, remetendo para o sotaque alentejano, que me faça preferir a cidade mais a sul. Talvez sejam as muralhas de Évora, que a escondem de quem chega. Talvez sejam outras razões que ainda não descortino.

Visito Évora mais amiúde que Beja, o que me leva a comparar uma cidade presente na memória com uma cidade cujas ruas verdadeiras se confundem com as imaginadas. Tenho a certeza de que há muito mais para ver e conhecer em Évora que em Beja, mas continuo de pé atrás. E sei que sou injusto.

Reconheço Évora como uma cidade cheia de encanto e tenho a certeza de que irei sempre descobrir mais uma faceta agradável a cada visita. Ainda para mais, o Alentejo é uma das regiões que mais me cativa. Por isso mesmo, tenho aproveitado as mais recentes visitas à cidade para a descobrir mais um pouco. Os meses que por lá passei e trabalho pouco tempo me deixaram para turismo.

Hoje exploro um pouco mais desta cidade. Começo de fora para dentro, como quem acaba de chegar.

Nas últimas décadas, a cidade de Évora cresceu muito para fora das muralhas. Novos bairros e pequenas povoações dos arrabaldes foram absorvidos, como em tantas outras cidades. Os limites urbanos tornaram-se indefinidos, com as casas dos bairros mais periféricos a surgirem quando o zimbório da catedral ainda é só um pequeno ponto negro sobre o casario do centro.

Apesar deste crescimento, ainda há muitas marcas que atestam a história da cidade e do seu crescimento. Uma delas é o Chafariz das Bravas, que se situa perto do antigo posto da Guarda Fiscal, hoje posto de turismo, na estrada de Montemor-o-Novo.

Sabe-se que aqui está desde, pelo menos, o reinado de D. Manuel I, altura em que uma ilustração do segundo foral de Évora o retrata com a mesma aparência dos dias de hoje. O muro com ameias deve ter sido um bom ponto de referência. A sua construção é, provavelmente, do séc. XV.

Chafariz das Bravas
Chafariz das Bravas

Aproveita uma nascente que corre todo o ano e descarrega na linha de água que passa a algumas dezenas de metros. Uma única bica alimenta um longo bebedouro e, mais a jusante, enchia um tanque localizado nas ruínas da casa a oeste. Este tanque servia para a lavagem do gado e hoje, assegurava a Câmara de Évora em 2005, armazena água para rega de espaços verdes. Está vazio.

Obviamente que perdeu a importância de outrora. A água canalizada já chega a quase todas as casas e os poucos animais que ainda existem nos limites da cidade não vêm aqui beber de propósito. Até o velho mercado de gado, convenientemente perto deste chafariz, foi encerrado.

Na última recuperação, optou-se por instalar luzes submersas e pintar o fundo dos tanques de branco. Para quem passa na estrada, sem vontade de parar, o chafariz não passa despercebido, mas para quem o vai ver de perto o tanque pintado destoa.

Coordenadas aproximadas (WGS84): N 38º 34.000? W 7º 55.310?

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

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