A tradição ainda é o que era
Afonso Loureiro
Há uns meses reclamei porque os calendários do talho cá do bairro tinham deixado de ter o modelo dedicado à oficina automóvel e sapateiro remendão. Mantiverem as cenas pastoris, as naturezas mortas de enchidos, os símbolos de clubes de futebol, mas abandonaram os calendários com mamas. Era o fim de uma época, pensei.
Afinal ainda existem
Foi preciso ir a Évora e passar em frente à oficina de um velho sapateiro para poder contemplar o fruto do trabalho de uma senhora que ganha a vida a despir-se para celendário de talhos – a mostrar as carnes, por assim dizer.
Julgava que desta tradição já só sobrassem os anúncios de uma revista de motos que tenho cá por casa. Num deles, em que uma oficina de motos apresenta uma fotografia do seu torneiro mecânica encostado ao torno, consegue-se ver, afixado em lugar de destaque na bancada de trabalho, uma delicada donzela que expõe uns fartos seios às carícias das limalhas projectadas do torno. Um homem não é de ferro e parece que os tornos também não.
Possa….
Já estava preocupado…
😀
Abreijos!