Fogo na Serra da Carregueira
Afonso Loureiro
Durante muitos anos foi-se temendo que os incêndios de Verão chegassem à Serra da Carregueira, onde subsistem alguns dos últimos vestígios da vegetação típica da região saloia. Depois do primeiro, os seguintes têm-se repetido com uma regularidade criminosa.
Há poucos dias estive a poucas dezenas de metros do início do estradão que leva ao vértice geodésico da Serra da Carregueira. Por cima de mim, um grande helicóptero amarelo circundava uma imensa nuvem de fumo com um balde pendurado.
Enchia o balde num lago do campo de golfe mais próximo e despejava-o sobre o local onde ainda se viam as cicatrizes do incêndio do ano anterior. Mantive-me cautelosamente afastado da coluna de fumo e fora do caminho do fogo, mas suficientemente perto para ouvir cada nova árvore que se incendiava como um fósforo. Um incêndio florestal é capaz de surpreender bombeiros bem equipados e eu só tinha uma bicicleta comigo.
Apagando as chamas
De quando em quando rebentava um cartucho perdido pelos caçadores ou alguma velha munição de salva de exercícios militares do quartel da Carregueira. Os carros de bombeiros de corporações cada vez mais distantes continuavam a chegar com alarido.
Carregueira queimada
Algumas horas depois, só um fumo claro subia da serra. O fogo estava extinto e mais um pedaço de verde ficou negro. Foi sol de pouca dura. Na semana seguinte, o ar voltou a encher-se com o cheiro a queimado e mais um cantinho desta mancha ardeu.
eu da minha casa vi o fogo todo é em pego longo o que é muito longe
Se reparar na data, este fogo na Serra da Carregueira foi em 2011.