Letreiros
Afonso Loureiro
Ainda não descobri o motivo, mas gosto de anacronismos, de ler jornais velhos como se fossem os da véspera e de ver antiguidades a uso. Talvez seja por isso que as marcas do passado mais ou menos longínquo com que me vou cruzando me fascinem.
Tenho especial interesse pelas coisas que prestam testemunho a vidas e sonhos. Mais do que paredes de casa ou monumentos, os resquícios de negócios desaparecidos ou degraus gastos fascinam-me. Gosto de imaginar as pessoas por trás deles ou às vezes nem isso, e contento-me em saber que houve alguém para quem aquele lugar foi importante.
Os letreiros costumam resistar mais que os próprios negócios. Alguns desaparecem apenas com a demolição do edifício, especialmente se a zona comercial das cidades já se tiver mudado para outros bairros.
Salão moderno, desenho antigo
Nas zonas mais antigas das cidades há muitas lojas cujos tempos áureos foram há algumas décadas. Poucos são os comerciantes ainda vivos ou em actividade, mas os velhos letreiros instalados no auge da loja vão resistindo, um pouco desbotados. Ostentam o desenho típico da época, com cores e tipos de letra que já não se usam.
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