Ponte da Ribeira da Seda
Afonso Loureiro
Agora já por cá não se passa. Foi preciso cair a ponte Hintze Ribeiro em Entre-os-Rios para se fazer uma avaliação mais cuidadosa às capacidades de carga e estado de conservação das restantes pontes do país.
A ponte da Ribeira da Seda mantém-se em funções há perto de dois mil anos e só recentemente se pensou que o trânsito de pesados no seu estreito tabuleiro não lhe daria muita saúde. A primeira medida tomada foi a de criar um longo desvio para a evitar. Depois esperou-se.
Nesta parte do Alto Alentejo, com colinas baixas a servir de pano de fundo a outras colinas, construir uma estrada sem grandes desníveis ou curvas em demasia foi tarefa difícil. Para complicar mais o assunto, a Ribeira da Seda não permitia passagens a vau simples e tinha de ser atravessada com uma grande obra de arte. Os Romanos escolheram um dos vales mais bonitos da Ribeira da Seda para a construir e tanto a estrada como o curso de água descrevem curvas graciosas até à ponte.
Ponte da Ribeira da Seda
Depois dos anos de espera construiu-se uma variante à ponte. Já não segue o traçado tortuoso de uma estrada feita à mão e as máquinas ajudaram a desmontar algumas vertentes. Poucos são os que fazem o desvio para ir apreciar a velha ponte romana que, mesmo com as rugas da idade, continua a ser muito mais bonita que a ponte nova.
Mais bonita e agora menos vandalizada.
Quanto à nova, de caminho para Alter, termina numa curva traiçoeira (já levou mais que um em pouco tempo). Falta de cuidado, dirão alguns mas, quem é que sobe uma boa recta com o pé no travão?
Não sou topógrafa nem lá perto mas acho que aquele lanço de estrada podia ter ido mais adiante (para lá da dita curva com uma árvore mesmo em frente).
Eu fui e afirmo: vale a pena