Deixar obra feita
Afonso Loureiro
A localidade de Montachique tem uma igreja discreta, que agora dá nas vistas porque foi pintada de novo. O contraste das paredes brancas e cunhais azuis com as ruínas cinzentas e baças suas vizinhas é demasiado grande para não se deixar de reparar.
É graças a esta nova pintura que reparamos no relógio com mostrador de pedra na torre de dois andares de foi acrescentada ao edifício original. A curiosidade pelo relógio leva-nos a descobrir que há uma inscrição que conta a história da torre e do próprio relógio.
Relógio
Montachique não teve apenas como beneméritos os contrutores de sanatórios, alguns dos quais confundidos com fortificações das linhas de torres – mas isso é outra história.
História da torre
Cerca de um século antes dos sanatórios fecharem e algumas décadas após a última Invasão Francesa falhada, o Sr. Francisco de Souza Carvalho ofereceu a torre e o relógio. Deixou a sua marca.
Sigo o teu blog desde que decidi vir para Luanda, ajudou-me a conhecer um pouco de Angola antes de cá chegar, obrigado por isso. Quanto ao relogio, não saberás o significado do “IIII” romano?
Nalguns relógios mais antigos, a numeração romana não seguia a convenção actual, seguia antes a tradição de relógios medievais onde o IV se escrevia IIII e também a tradição ditada pelo gosto de Luis XIV, que preferia esta representação – e os relojoeiros que forneciam a casa real francesa produziam relógios com IIII.