Remate com forma e função
Afonso Loureiro
Certas correntes do desenho arquitectónico defendem que forma sem função é inútil e quantos menos rabicoques se fizerem, melhor. Levando essa linha de pensamento às últimas consequências, obtém-se edifícios cúbicos de betão armado e tijolo à vista. Construção mais barata e só forma com função. Basta ver os subúrbios de Lisboa e descobrimos milhares de exemplos desta pobreza de desenho.
Felizmente que há muitos bons arquitectos que sabem perfeitamente que esta aproximação contabilística do desenho é estúpida. Há formas que são necessárias para equilibrar os edifícios, mesmo que a sua função não seja aparente.
Pala do terraço
O velho cinema São Jorge é um bom exemplo de uma forma depurada, cheia de linhas direitas que sugerem apenas função. No entanto, o terraço é rematado com uma cobertura assente em esteios.
Para que serve? Uns dizem que para nada, porque é estreita e apoiada na cornija, não protege ninguém do Sol ou da chuva. Na verdade, a sua única função é terminar harmoniosamente o edifício, suavizando a transição da parede para o céu. É uma forma cuja única função é ter forma.
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