Economia doente
Afonso Loureiro
Muitas teorias têm sido usadas para explicar o como e o porquê da debilidade económica do país, mas pouco mais há que fazer para além de ver a taxa de desemprego a crescer e o número de habitantes estável.
Somos cerca de dez milhões desde há três décadas. A baixa natalidade é apenas compensada pelo saldo migratório. A taxa de desemprego tem vindo a subir desde que se aceitou a substituição da agricultura por subsídios, desde que, em vez de modernizar, se dizimou a frota pesqueira para vender quotas de pesca, desde que se fez os possíveis e impossíveis para acabar com a indústria nacional, como a preferência por comboios de alumínio, importados de Itália, em vez de comboios de aço, feitos cá sob licença ou equipar a GNR com veículos todo-o-terreno importados quando a UMM nacional o tinha já feito anteriormente – e muitos destes ainda recentemente estavam ao serviço.
Fábrica fechada
É verdade que muitos empresários portugueses não sabem avaliar a situação geral e concentram-se apenas no seu nicho, na garantia do seu rendimento, mas muitas opções políticas foram tomadas para fomentar este clima, premiando o empresário chico-esperto e punindo os verdadeiros empreendedores. O que parece um contra-senso, uma vez que os últimos governos têm seguido uma ortodoxia neo-liberal.
Deixar de produzir a troco do mesmo rendimento não é assim tão linear. O saldo contabilístico pode ser o mesmo, mas o número de gente empregada não é. E sem emprego, nem sequer se arrecadam impostos convenientemente.
Se a população não aumenta, não se pode continuar a assobiar para o lado à medida que o desemprego sobe. Esse é o sinal de que a economia está a morrer, a sangrar lentamente. Apesar de haver uns quantos malandros que gostam de ficar ao alto, a grande maioria dos desempregados o que quer mesmo é trabalhar.
Deixe uma resposta
Nota: Os comentários apenas serão publicados após aprovação. Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados de imediato.