Com o facetube, o telefone descansa
Afonso Loureiro
Há uns anos era habitual enviar postais de Natal aos mais chegados. O costume foi-se perdendo e rapidamente foi substituído pelas um bocadinho impessoais mensagens escritas enviadas para todos os contactos da agenda. Todos os anos se recebia umas quantas duplicadas, a maioria de pessoas que não fazíamos ideia de quem eram.
Alguns esqueciam-se de assinar, outros assinavam com um diminutivo reservado à família mais próxima. Ainda há quem se questione acerca da identidade da «Lotinha» que enviou uma mensagem toda bonita com desenhos de renas e embrulhos mas se esqueceu de incluir um apelido.
No Ano Novo a cena repete-se, e as próprias operadoras móveis reforçam a capacidade de transmissão de mensagens nestas semanas de festa. Desde o princípio do século que há uma estranha competição entre as principais operadoras para saber quem tem mais clientes a enviar mensagens de Boas Festas, ou seja, mais bons clientes que gastam uns quantos euros de uma só vez a mandar felicitações a quem não liga há anos.
Este ano, não sei se por causa de crise anunciada pelos jornais e televisões ou se porque já começa a faltar dinheiro para pagar as contas de telefone, o número de mensagens de Boas Festas caíu a pique. De Natal devo ter recebido meia-dúzia.
Descobri agora que essa febre já passou e agora se enviam as Boas Festas via facetube, recheadas de polegarzinhos azuis e bitaites de conhecidos que foram promovidos a amigos.
Assim o telefone descansa. Porreiro!
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