A greve…
Afonso Loureiro
Os candongueiros da Sambizanga fizeram greve!
Era Segunda-feira e não havia transportes para ninguém na zona do Porto de Luanda. Os grevistas mandavam parar os táxis que tentavam furar a greve e despejavam-lhes os passageiros, às vezes com maus modos. Acontecia o mesmo com os carros particulares que se suspeitasse estarem a fazer umas “corridas”.
O motivo era simples. A polícia estava a controlar documentos de veículos e condutores à entrada da Marginal. Como é de esperar, a maioria dos táxis circula ilegal. Não têm documentos, o condutor não tem carta nem idade, faltam luzes, espelhos e travões. Numa terra onde reina a confusão, a tolerância é nula, por ser uma forma de se expressar a (pouca) autoridade sobre alguém que não a tem.
Estradas vazias
Alguns táxis eram declarados como em condições de circular por, caso raro, terem tudo em ordem, ou, mais provavelmente, terem contribuído para o bem-estar do agente fiscalizador por intermédio de um pequeno rectângulo de papel colorido estrategicamente colocado no meio dos documentos do carro.
Como não estavam reunidas as condições de trabalho, fez-se greve. Só voltavam a circular quando a polícia deixasse de fiscalizar. Assim não valia a pena.
Pela hora do almoço, a polícia desistiu da sua missão. Não havia táxis a circular. Foram-se embora. A greve foi desconvocada.
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