Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

10 2008

Alentejo

Para calar um pouco as saudades deste país de que tanto gosto, viemos dar um passeio até ao Alentejo profundo.

Algumas paragens para abastecer depósitos, estômagos e espíritos forma necessárias. E todas elas foram boas. Até mesmo pagar gasóleo a um preço de fugir – me fez lembrar o desperdício de energia em Angola, com combustíveis baratos.

A caminho do almoço, pude conduzir numa auto-estrada, essa invenção que entorpece os sentidos pela sua monotonia. Mas não tinha buracos nem azuis-e-brancos a circular pela berma ou a fazer manobras esquisitas.


Para sul 

E é tão bom saber que basta esticar o braço para dar um carinho à Mais-que-tudo!

Primeira geocache em Pegões. Como prometi elogiar as boas e reclamar das más, esta é filha de um cabresto. Tal como a seguinte, já em Montemor.

Seguimos até Borba, a vila branca. Pelo caminho voltei a ver céus azuis, com nuvens brancas em farrapos finos. Voltei a ver um pôr-do-Sol que deixa o céu vermelho e nos cega pelos espelhos. A luz do fim de tarde criou muitas oportunidades para fotografias espantosas. Algumas das quais deixei passar por estar demasiado embriagado com o que me rodeava.

Ao contrário de Luanda, aqui as coisas têm o seu ritmo secular ainda afinado. Não há correrias nem pressas. À medida que nos afastávamos da cidade, as velocidades médias foram diminuíndo e o pedal da embraiagem descansando cada vez mais.

A Pensão Inaramos, onde já estive há mais de quatro anos, fez obras. A velha porta de madeira verde foi substituída por uma de alumínio e vidro. O Sr. Jorge continua a estar ao cimo das escadas a assustar os clientes. É cego e tem a recepção sempre às escuras. Esta pensão é uma pequena jóia. Não pode ter mais de uma estrela porque tem muitas escadas, mas tem condições para merecer mais umas quantas.

Fica de frente para uma das portas da muralha do velho castelo de Borba, isto é, do quarto até à próxima geocache são cerca de 40 metros… nada mau.

O jantar voltou a ser na cervejaria Arado, onde a sopa tinha outra vez massa. Ao contrário do choco em Setúbal, demasiado salgado, aqui tudo estava excelente.

Que saudades que tinha destas estradas a perder de vista, dos montes no cimo dos montes e das searas que fingem ser o mar e escorrem por entre as árvores.

Amanhã vai ser dia de cansar o dedo a tirar fotografias. A luz de Outono é fantástica e a terra também!

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “Alentejo”

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  1. Pois é Afonso, apesar de não ter estado três meses em Angola, a semana passada fui até ao Alandroal em trabalho. Já não ia para aquelas bandas à pelo menos dois anos, e no entanto tive as mesmas sensações, o Alentejo é fantastico. No regresso acabei por vir pela estrada Nacional até ao Montijo, para melhor gozar daquelas paragens.
    Um grande abraço

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