Xiiiiiii…. PUM! Azelha!
Afonso Loureiro
Em Luanda o trânsito não flui, vai escorrendo. Para todos os lados há engarrafamentos e os carros andam encostados uns aos outros. Circula-se em primeira durante a maior parte do tempo. Os luandenses são os reis do ponto de embraigem!
Mas às vezes surge um troço de estrada livre. Pode variar entre os dois metros e os vários quilómetros. Condutor de Luanda que se preze não pode deixar de acelerar a fundo, nem que seja para testar os travões uns segundos mais tarde.
Como o clima é quente, o asfalto nunca chega a solidificar verdadeiramente. Ganha ondulações num instante, mas está sempre demasiado liso e os pneus não agarram bem. A qualquer travagem se ouvem pneus a chiar. E muitas das vezes terminam com um toque no carro da frente e uns insultos de parte a parte.
Correntes de neve em Luanda? Proibido buzinar?
É óbvio que a interpretação que cada um faz do código é muito subjectiva. Esta subjectividade parte da própria cidade, por isso não podemos só acusar os condutores. Todos os que cá conduzem sabem que há ruas de sentido único não sinalizadas e manobras ilegais ou não consoante a hora do dia ou da cor do carro (e condutor, diga-se).
O certo é que há muitos acidentes. Na sua maioria não passam de toques, espelhos partidos ou portas metidas dentro. Nas ultrapassagens de filas compactas, também é frequente ver uns radiadores a verter depois de um embate frontal.
Publicidade com público-alvo?
Os candongueiros, em grande parte condutores kamikase, entram na sua quota-parte de acidentes. Geralmente pouco graves, embora com grandes discussões e regateio de reparações.
Habitualmente não há vítimas mortais ou feridos que não saiam pelo seu próprio pé dos carros. Não percebo muito bem o fenómeno.
Agora espera-se por quem nos reboque
Os automóveis que não voltam a andar costumam ficar abandonados onde morreram. Se for no meio da estrada, que seja. Alguém se encarregará de os empurrar para a berma ou de os ir desmontando aos poucos.
Ficou aqui duas semanas
Os acidentes com pesados são sempre mais aparatosos. Culminam quase sempre com a destruição completa de veículo e mercadoria.
Nem a cisterna escapou
Fora da capital, há menos acidentes com ligeiros. Aqui são os pesados as estrelas da sinistralidade. Apesar da velocidade máxima permitida para os pesados ser de 80 km/h fora das localidades, é raro vê-los a circular abaixo dos 120 km/h. A estas velocidades, se batem, o condutor raramente escapa.
À saída de Viana. Escapou a carga.
Se a palavra de ordem em Angola é desenrrasque-se quem puder, porque não usa-la também no trânsito e o resultado está à vista… felizmente que com poucas vitimas mortais.