Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

25  10 2008

Xiiiiiii…. PUM! Azelha!

Em Luanda o trânsito não flui, vai escorrendo. Para todos os lados há engarrafamentos e os carros andam encostados uns aos outros. Circula-se em primeira durante a maior parte do tempo. Os luandenses são os reis do ponto de embraigem!

Mas às vezes surge um troço de estrada livre. Pode variar entre os dois metros e os vários quilómetros. Condutor de Luanda que se preze não pode deixar de acelerar a fundo, nem que seja para testar os travões uns segundos mais tarde.

Como o clima é quente, o asfalto nunca chega a solidificar verdadeiramente. Ganha ondulações num instante, mas está sempre demasiado liso e os pneus não agarram bem. A qualquer travagem se ouvem pneus a chiar. E muitas das vezes terminam com um toque no carro da frente e uns insultos de parte a parte.


Correntes de neve em Luanda? Proibido buzinar?

É óbvio que a interpretação que cada um faz do código é muito subjectiva. Esta subjectividade parte da própria cidade, por isso não podemos só acusar os condutores. Todos os que cá conduzem sabem que há ruas de sentido único não sinalizadas e manobras ilegais ou não consoante a hora do dia ou da cor do carro (e condutor, diga-se).

O certo é que há muitos acidentes. Na sua maioria não passam de toques, espelhos partidos ou portas metidas dentro. Nas ultrapassagens de filas compactas, também é frequente ver uns radiadores a verter depois de um embate frontal.


Publicidade com público-alvo?

Os candongueiros, em grande parte condutores kamikase, entram na sua quota-parte de acidentes. Geralmente pouco graves, embora com grandes discussões e regateio de reparações.

Habitualmente não há vítimas mortais ou feridos que não saiam pelo seu próprio pé dos carros. Não percebo muito bem o fenómeno.


Agora espera-se por quem nos reboque

Os automóveis que não voltam a andar costumam ficar abandonados onde morreram. Se for no meio da estrada, que seja. Alguém se encarregará de os empurrar para a berma ou de os ir desmontando aos poucos.


Ficou aqui duas semanas

Os acidentes com pesados são sempre mais aparatosos. Culminam quase sempre com a destruição completa de veículo e mercadoria.


Nem a cisterna escapou

Fora da capital, há menos acidentes com ligeiros. Aqui são os pesados as estrelas da sinistralidade. Apesar da velocidade máxima permitida para os pesados ser de 80 km/h fora das localidades, é raro vê-los a circular abaixo dos 120 km/h. A estas velocidades, se batem, o condutor raramente escapa.


À saída de Viana. Escapou a carga.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

Uma resposta a “Xiiiiiii…. PUM! Azelha!”

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  1. Se a palavra de ordem em Angola é desenrrasque-se quem puder, porque não usa-la também no trânsito e o resultado está à vista… felizmente que com poucas vitimas mortais.

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