Falando línguas
Afonso Loureiro
Angola, sendo um país grande, tem muitas línguas distintas. O Português é a língua oficial e a que, de facto, une e distingue os angolanos dos seus vizinhos.
Existem ainda todas as línguas nacionais, desprezadas no tempo do colono e olhadas de soslaio no tempo da independência, com receio de que reflitam o temido tribalismo, que ameaçou a integridade angolana.
Com os milhares de expatriados envolvidos no processo de reconstrução nacional, as línguas de trabalho crescem exponencialmente. Os refugiados e emigrantes do Congo, da Zâmbia e da Namíbia trouxeram consigo as suas línguas, enriquecendo ainda mais esta Babel.
Nos mercados de arte é frequente ouvir falar Francês. Grande parte dos artesãos aprenderam o seu ofício fora de Angola, fugidos da Guerra. Mesmo o seu Português, com os rr arrastados, denuncia qual a sua primeira língua.
No mundo dos expatriados, o Inglês é a língua franca. Não deixa de ser curioso que, há dois mil anos, o Latim, complicado como tudo, era a língua entendida por todos. Hoje em dia, usa-se uma das línguas mais simples, que com meia-dúzia de palavras nos fazemos entender em todo o lado.
Há uns tempos pus-me a pensar nestas coisas. Desde que cheguei a Angola, já dei comigo a regatear em Francês no mercado de arte, a discutir em Castelhano com um grego que também fala Hebraico, a falar Inglês com chineses, um dos quais, para além de trocar os rr pelos ll, enrola a língua nos dentes. Às vezes também falo Português…
English is becoming the universal language is it not? It is the one unifying factor in the world of business, politics, religion, pleasure and recreation.
Keep up the good work. D