A necessidade aguça o engenho
Afonso Loureiro
Ao fundo da Rua do Laboratório de Engenharia de Angola, uma loja vendia móveis e electrodomésticos. O seu letreiro azul e branco fazia uma relação pormenorizada de todos os produtos disponíveis, com as normais gralhas angolanas.
Entretanto, mudou de ramo. Durante umas semanas esteve fechada, com jornais a cobrir os vidros da montra. Foram ficando amarelos e ressequidos porque o clima de cá não perdoa.
Um dia vemos um mestre pintor a mudar a relação dos produtos vendidos. Passou a ser mais uma loja de peças de automóveis. Ainda por cima só de carros caros. Mas nem todos com o nome correcto, como seria de esperar.
Durante uns dias pude apreciar o desenhar das letras a lápis e o preenchimento cuidado de cada uma com tinta azul. Aquele azul-cueca fez-me lembrar a Faculdade de Ciências… belos tempos.
Mas o Verão já está a chegar. O Sol brilha com mais vigor e o cacimbo já não mantém o calor afastado. Só se está bem na sombra. Até as zungueiras passaram a usar o pano a cobrir a cabeça.
O nosso artista não tinha chapéu e a altura do Sol amedrontava as sombras, que se colavam às paredes. Reparei que trazia uma t-shirt alusiva a um programa de televisão onde se remodelam casas. Era adequada.
Como o trabalho tinha de ser feito, há que proteger a cabeça. Juntando um cartão com um buraco redondo no meio a uma caixa de chá Lebest, obtemos um magnífico chapéu, capaz de proteger a moleirinha do Sol tropical que tem aquecido Luanda.
Engenheiro!
va reparando nas gafes, mas vá dando uma maozinha.
🙂
saudações
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