Pedacinho de casa
Afonso Loureiro
Morar em Luanda é uma experiência estranha. A sensação de que se está num país estrangeiro nunca chega a ser completa. A cada canto encontramos alguma coisa que é tão autenticamente portuguesa, que nos leva a crer que os últimos quarenta anos não tenham passado de um engano na História. Como podem as coisas estar assim?
Algumas estátuas foram retiradas e os nomes das ruas foram mudados, tal como aconteceu em Portugal após a revolução de Abril, a tal que selou o destino das províncias ultramarinas. Mas depois, porque as atenções estavam voltadas para coisas mais importantes, como o avanço das três forças, tudo o resto ficou como estava.
Os edifícios coloniais ainda marcam a fisionomia da cidade, dando a tudo um aspecto familiar.
No entanto, estes edifícios não identificam apenas o tempo do colono. Cada um deles tem as marcas deixadas pelos sonhos das pessoas que lá viveram. As casas não foram só sítios onde se morou. Viveu-se lá.
Não é de estranhar que se encontrem pequenos pormenores que identificam os antigos ocupantes. Um nome na fachada ou um painel de azulejos remetem-nos para uma época em que aqui se fazia a vida, não esquecendo o que se tinha deixado, mas sem vontade de voltar.
No meio de tantas recordações alheias, que nunca serei capaz de compreender completamente, por vezes surge uma que me toca mais. Costumam ser as mais singelas, como uma data escrita na casca de uma árvore ou um letreiro apagado. Um dia destes foi um painel de azulejos. Avivou-me as saudades de casa…
Palácio da Pena, em Sintra. Estou perto de casa!
Sintra está representada em todos os “cantos” do Mundo.
PS
Já agora…é o palácio da Pena.
PS
Por falar no palácio……a família está de partida para encontrar uns tesouros lá muito perto. Até já.
Afonso, são realmente muitas as referências. Sempre gritaram-me aos olhos desde que cheguei aqui. Como sabes, sou brasileiro mas aprendi a reconhecer Portugal desde pequeno nas saudades mal curadas da minha avó que deixou a Guarda ainda criança para viver ao Brasil. Abs,
Também tenho saudades de passear contigo em sintra e de ir procurar uns tesouros… já falta pouco.
As lembranças têm o dom da ubiquidade, estão onde estivermos e onde gostariamos de estar, ao mesmo tempo.