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24  11 2008

O Verão está a chegar

Numa terra onde só há duas estações bem marcadas, o Outono e a Primavera passam quase despercebidos. Sabemos que já passaram quando reparamos nas árvores que, na semana anterior, tinham um aspecto diferente.

Num dia as árvores ostentam as suas folhas baças na ponta de ramos ressequidos. No dia seguinte explodem, numa festa de fogo-de-artifício colorido. Vermelhos e amarelos vivos contrastam com o verde empoeirado das folhas que acompanharam o cacimbo.

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A Primavera já por aqui passou

Outra marca deixada pelo Verão é a luz. Durante meses vivemos num mundo Hergé, sem sombras de qualquer espécie. O Sol perpetuamente alto e um céu coberto esbatem tudo. Luz ideal para retratos, dirão alguns, esconde rugas e papadas. Luz ideal para perdermos a noção do tempo, dirão outros.

Agora, que o céu descobriu e mostrou que pode ter nuvens em vez de nevoeiro, a paisagem ganha profundidade. As sombras nunca são longas, mas apercebemo-nos de que já tínhamos saudades delas.

Até os edifício mais singelos ganham uma beleza antes desconhecida. São-nos familiares, mas agora gostamos mais de os ver.

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Morro de salalé para gente

O novo vigor do Sol mostra que as estradas de terra vermelha podem fazer jus a uma terra tão rica como esta, transformando-as em caminhos cobertos de ouro, que refulgem a cada curva.

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Estrada para o Eldorado

Até os embondeiros, vaidosos, começam a fazer crescer umas folhinhas tímidas no alto dos seus ramos desgrenhados. As múcuas novas vão despontando, preparando-se para um longo crescimento.

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Despedindo-se do Inverno

Acerca do autor

1

Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

3 respostas a “O Verão está a chegar”

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  1. Também´eu já tinha saudades de me aquecer aqui.
    Tão bonito o Verão por aí.
    Aqui desde recanto frio agora, um bem haja.

    saudações

    http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com

  2. Que saudades do verão… e também tenho muitas saudades tuas.

  3. Vendo estas imagens, lembrei-me de uma conversa que tive, há uns anos, com uma aluna angolana. Falava-me da sua terra e da beleza dumas árvores de flores vermelhas. O olhar adquiriu um brilho especial quando rematou: “há tanto tempo que não vejo nenhuma.”
    Como a percebo, as árvores floriam na saudade da sua terra.

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