Pastilhas Gorila
Afonso Loureiro
Na sala de espera do aeroporto do Lobito há quatro ventoinhas no tecto. Três delas rangem alternadamente enquanto agitam o ar e as moscas à sua volta. Lá fora, ao Sol, as cigarras rangem também, fazendo coro com as ventoinhas. Sons de Verão.
Tal como nos restantes aeroportos do mundo, aqui também já chegaram as cadeiras desconfortáveis. Começo a achar que servem apenas para moderar as expectativas dos passageiros. Em comparação com estas, os bancos dos aviões são o cúmulo do conforto.
Na sala quente ninguém se mexe. Só mesmo as lâminas das ventoinhas e os seus reflexos distorcidos nas cadeiras de braços cromados perturbam a imobilidade da sala e da paisagem lá fora.
Num canto da sala há um bar minúsculo. Lá dentro trabalham duas empregadas, que usam batas azuis com folhos nas mangas. São tão parecidas que quase parecem farda, mas é evidente que foram compradas a uma qualquer zungueira.
Partilham o espaço com uma arca congeladora, um frigorífico, um fogão e uma mesa quadrada. Uma atende ao balcão enquanto a outra se senta num banco baixo, lá no canto. No chão, escondido atrás da mesa, está um alguidar verde onde tempera carne. As moscas, por alguma razão, não deixam aquele canto.
Longe de casa, quase tudo serve para despertar recordações. Comprei uma garrafa de água. Custou 90 Kz. Paguei com uma nota de 100 e recebi o troco em pastilhas… já não me aconteciam coisas destas há muito tempo. Eram pastilhas Gorila, fabricadas lá perto de Lisboa e fazem parte das minhas recordações de infância.
Directamente do Algueirão
As minhas preferidas eram as de menta… e lembro-me também que as super gorila eram um espectáculo para fazer balões (boas recordações de infância).
E quando se faziam concursos para ver quem conseguia comer mais do que 1 Super-Gorila!!!!
Realmente boas recordações de infância.