O “Especialista”
Afonso Loureiro
Há dias em que se tem de gramar um ou outro comentário mais racista, que nos relembra a cor da pele ou falta de angolanidade. Já faço de conta que não oiço. Mas nem sempre ser branco é mau sinal.
Já tenho servido para tirar umas teimas aqui e ali, onde é necessária uma opinião imparcial. O mais engraçado é tirar dúvidas aos homens que vão às compras.
Dois homens discutem entre si enquanto viram uma caixa de vinho em todas as direcções. Roda daqui, diz que é vinho. Roda dali, diz que é whisky. Põem-na na prateleira e tiram outra caixa igual. Mais umas voltas e não chegam a nenhuma conclusão. Nisto, passo por eles.
«Mais-novo», que eles já eram entradotes, «sabe ler inglês? É que não percebemos se isto é vinho ou whisky.»
Era vinho branco seco Sul-Africano, obviamente só com um rótulo em inglês e sem qualquer desenho que pudesse ajudar a adivinhar o conteúdo.
Depois de explicar o que era, perguntaram-me se era bom. Eu até nem aprecio vinho…
Noutra ocasião, tive de prestar declarações numa espécie de interrogatório sobre azeites. «Este é bom?» «Sim, esse é Extra-Virgem, é o melhor.» «Então e este, não presta?» «Esse também é bom, mas usa-se mais para cozinhar. O outro é para temperar.» «Mas com este também se pode cozinhar?» «Sim, mas o Extra-virgem é mal-empregue para fritar. É melhor para temperar.»
Acabaram por levar o Extra-Virgem, mas só porque era mais caro…
Olhe, se faz favor! Qual é o melhor para o refogado? O azeite ou o óleo de palma?
Assim, de repente, o azeite é muito melhor! Mas também se consegue fazer umas coisnhas com o óoeo de palma…