Natal tropical
Afonso Loureiro
Há certas tradições trazidas pelo colono que acabam por parecer deslocadas nos trópicos. Uma delas é o Natal.
A celebração do Solistício de Inverno, culto antigo que acabou por ser cristianizado,fazia todo o sentido no hemisfério norte. O dia mais curto do ano marcava o pico da estação mais difícil e, a partir daí, já se começava a antever a abundância da Primavera.
Rito pagão: linchar o Pai Natal
A celebração do Natal, como rito cristão, faz sentido em Angola, mas toda a simbologia e folclore importados de outras paragens dá a ideia de uma má colagem. Uma imitação foleira, digamos.
Um Pai Natal preto e um Pai Natal branco, só falta o mulato
As tradições não são muito diferentes das portuguesas. A Consoada tem um prato a que se chama simplesmente Cozido. É necessário aplicar a técnica das meias palavras para se descobrir que se trata de bacalhau cozido com batatas, couve e grão-de-bico. O almoço do dia de Natal já tem um toque mais africano, com um funge familiar.
As decorações natalícias são simples. Algumas luzes aqui e ali, na sua grande maioria de cariz nacionalista e patriótico, revelando uma certa angolanidade na celebração. Não seria de esperar coisa diversa de um país onde até a publicidade a água de mesa enche de orgulho patriótico qualquer cidadão.
Desde o final de Novembro que se vê zungar pinheiros de plástico e jogos de luzes para as decorar. Os brinquedos de plástico chineses também invadiram as ruas.
Árvores de Natal com 30º
As visões mais estranhas são os Pais-Natal nas lojas. Alguns, de carne e osso, suam debaixo das suas barbas postiças, cuja alvura contrasta com a cor de pele do portador.
Sempre que oiço falar no Natal penso em castanhas assadas e algum frio. Olho à volta e nada me parece familiar… o Natal dos trópicos é estranho.
Não me importava nada que o Natal aqui tambem tivesse 30ºC…Isto de andar às compras com luvas não dá jeito nenhum!
Amigo Afonso,
Um bom Natal, e que o Pai Natal seja teu amiguinho…