Revolucionarites
Afonso Loureiro
O passado recente de Angola deixou marcas profundas nas gentes e na terra. Algumas dessas marcas são cicatrizes feias como minas e blindados abandonados ou buracos de balas em sítios indevidos. Outras, mais discretas, aparecem nos nomes das coisas, das pessoas e das terras.
As ligações a Cuba e à União Soviética fazem com que já tenha conhecido a minha conta de Vladimirs e de Fidéis. E, devido à guerra recente, também um monte de ex-generais (que agora procuram não referir muito essa sua patente).
A idealogia do Partido Único que, durante décadas, comandou os destinos de Angola, orientou também a nomenclatura “recomendada”. Os altos ideiais da revolução do proletariado dizem que só com esforço se consegue a liberdade. Só o suor garante a independência. Vai daí, nos tempos áureos do socialismo angolano, que é uma coisa muito difícil de explicar, foram surgindo comunas, associações proletárias e de camponenes, com o intuito de fomentar a produção agrícola do país. Os nomes atribuídos a algumas mostram bem que a ideologia não se escondia.
Revolução proletária
E às vezes, basta dar uma olhadela aos mapas do país para se descobrir mais umas pérolas nascidas de uma revolucionarite galopante que varreu o país imediatamente a seguir à independência.
Perto do Dondo, encontramos facilmente nomes sugestivos como a Unidade de produção Lenine, as povoações de Che Guevara, Vitória é certa, 4 de Fevereiro e 1º de Maio, só para citar alguns exemplos…
4 de Fevereiro está em maioria
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