Regateio
Afonso Loureiro
Comprei um abacaxi perto de casa. A vendedora pediu-me o preço habitual de 500 Kz, que era exagerado para o tamanho do abacaxi. Como era fim do dia, disse-lhe que era caro. Baixou logo para 450 Kz porque se queria desembaraçar dele. Achei que não devia regatear até ela ter de começar a fazer muitas contas de cabeça. A diferença em jogo far-lhe-ia muito mais falta do que a mim. Dei-lhe uma nota de 500. Engonhou um pouco a dizer que não tinha troco, que os 50 Kz eram uma gasosa para o menino que trazia às costas.
Ainda nem anda e já recebe gasosas! Grande lata!
O preço acordado foi de 450 Kz. Era esse que se pagava. Enquanto não vinha o troco, as outras três vendedoras tentavam impingir-me 50 Kz da mercadoria delas. Uma tangerina, umas folhas de couve, um molho de qualquer coisa. Esperei um pouco e lá apareceu uma nota de 50 Kz.
O abacaxi é docinho e não estava demasiado maduro. Ganhou um cliente.
As obras debaixo da janela finalmente acabaram. Durante a noite já há menos barulho e não acordo mais cansado do que quando me deitei. Mas sei que esta noite vai ser difícil dormir. É Sexta-feira, dia em que as angolanas casadas dormem sozinhas.
O ninho de cucos
Não sei se é por terem acabado as obras, se é por as pessoas se terem esquecido da rua, o certo é que agora é muito mais fácil encontrar estacionamento…
Tenho andado à procura de alguém que me venda um par de auscultadores para o computador, que os meus se avariaram. Parece que esgotaram. Não há à venda na rua e os das lojas têm preços de branco.
A questão dos preços de branco mostra bem como há uma sobreposição de dois mundos que quase não se tocam. No mesmo espaço físico temos duas lojas muito diferentes. Os produtos que toda a gente consome são, em geral, baratos, mas tudo aquilo que os ocidentais sentem necessidade de comprar é vendido a um preço muito superior. Café em pó ou bolachas não são necessidades básicas e são vendidos ao dobro do preço. Os pães pequeninos (e muito saborosos) vendem-se à dúzia por 100 Kz.
A cauda da noiva
Os mosquitos começam a chegar em força em meados deste mês. O R. diz que ando paranóico com eles. Deve ser porque bato as palmas aos mosquitos enquanto canto “Se não queres apanhar paludismo, bate as palmas!” Não me apetece nada apanhar malária só porque me descuidei. Antes paranóico que com febre.
Lá em casa tenho vindo a reforçar as protecções. Depois da janela foi a vez de colocar uma rede mosquiteira sobre a cama. Agora durmo debaixo de um vestido de noiva…
Mas que ricas pernas
Fazes bem em ser cauteloso com os mosquitos e gostei de ver o véu da noiva.
Olá Afonso!
Tenho acompanhado com a regularidade que a Carolina e a Sara deixam os teus comentários.
Dá-me saudade dos trabalhos por terras de África!!
Identifico-me com muitos dos teus comentários, pois senti muitas vezes o que descreves.
Não te preocupes demasiado com os mosquitos. Prevenir sim, mas entrar em exagero devido ao medo não se justifica. A malária é uma doença curável!
Não sei se já tiraste e eu não vi, mas posso pedir uma fotografia da marginal?
Fica bem
Beijinhos
Ivone