A riqueza da terra
Afonso Loureiro
Num fim de tarde qualquer, numa qualquer povoação à beira-rio, longe da capital, risos e correrias são frequentes.
Grupos de miúdos mostram os seus tesouros uns aos outros. Garrafas de plástico cheias de girinos moribundos ou gafanhotos quase cozidos são passadas de mão em mão.
Minutos atrás, saltavam de um pneu de camião para a parte funda do rio ou procuravam equilibrar-se numa câmara de ar enquanto os amigos os empurravam.
Mas está na hora de voltar para casa. O cheiro do carvão a arder anuncia a chegada da refeição da noite, que ainda é tomada de dia, por causa da falta de luz eléctrica. E a barragem ali ao lado…
Entretanto passam pelo branco, que tira fotografias aos telhados e às árvores, que procura respirar mais um bocadinho da paz que lhe falta em Luanda.
Riem e pedem retratos. Primeiro um, que sorri quando lhe pergunto o nome. Depois o outro, que responde carrancudo, na pose dos cartazes dos músicos. Outro tenta saltar à frente dos demais, para ficar só ele na foto. Acabam por se juntar todos na pose preferida e partem, alegres, sem querer ver o resultado.
Mais à frente, a cena repete-se e acabo por esquecer os nomes por detrás de tantos sorrisos…
Vindos das brincadeiras no rio
As crianças,lindas…sempre elas, o futuro mais alegre de Angola!!!