Não vão a Cabo Ledo!
Afonso Loureiro
Se estiverem a pensar em ir a Cabo Ledo nos próximos tempos, apresento-vos uma série de boas razões para ficar em casa.
Em primeiro lugar, a viagem é muito longa. Cento e vinte quilómetros para cada lado, sendo que os primeiros trinta na ida e os últimos trinta no regresso são dentro de Luanda e demoram uma eternidade a ser percorridos. O acesso à praia é feito por uma longa picada enlameada. É preciso sair muito cedo ou então chegamos à praia na hora do regresso. Quem quiser evitar cancro de pele e voltar antes das onze, é bom que conte com uma viagem de noite, nada recomendável nas estradas angolanas.
Um por quilómetro
Depois, cruzamos duas vezes a única portagem em Angola. Na Barra do Kwanza aliviam-nos os bolsos de 420 Kwanzas. Nas outras praias não há destas modernices. Não contentes com a portagem, ao longo da estrada é certo encontrar umas dezenas de polícias, sempre prontos a aligeirar os bolsos dos motoristas consoante uma qualquer interpretação do código de estrada ou do estado do tempo.
Entre a praia e as arribas há fábricas de peixe seco, ou melhor, há tabuleiros com peixe a secar e a apodrecer espalhados por todo o lado. Palhotas e cubatas espalham-se no meio do peixe, que enche o ar com um cheiro acre, e pequenos montes de lixo.
Nas arribas
Os miúdos já perderam a inocência que o seu tamanho faria adivinhar e só sabem dizer «Amigô! Amigô! Dá gasosa!». Podem estar a brincar uns com os outros ou a dormitar, mas assim que presentem brancos, começam a ladainha.
Quem espera encontrar bares agradáveis como os da Ilha do Cabo, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Aqui não há ar condicionado. As motas de água que fazem as delícias de alguns lá no Mussulo também estão ausentes. Em vez delas, há barcos de pescadores. Alguns a remos.
A água é tão quente quanto a do Mussulo, mas muito mais agitada. Há quem vá molhar os pés e acabe por voltar todo molhado. Ainda por cima, há, que eu vi, uns sujeitos que entram na água até à cintura e depois ficam muito quietinhos, antes de fazerem uma cara de alívio… Já não bastava o fedor do peixe.
É preciso ter cuidado onde se pisa
Há dois ou três sítios onde comer, mas a ementa é só à base de grelhados. Se tivermos sorte, podemos comer umas batatas fritas a acompanhar. Os bancos de madeira envernizada da Barra do Dande foram substituídos por uns paus grossos que forramos com as toalhas para não aleijar o rabiosque, enquanto comemos. As mesas são velhas bobines de cabos eléctricos, cheias de buracos por onde nos pode cair o copo.
A sério, não vão lá. Se começa a ir muita gente, estragam aquele pequeno paraíso!
É aproveitar, antes que se estrague
Eh pah, mas isso ta mudado! O negócio corre bem pra o cota Queiroz!
No meu tempo eram só 2 bangalÔs, umas quantas tendas enormes e umas tres mesitas. E o areal era muito mais longo.
Uma das vezes que fui passar o fds a Cabo Ledo..apreciei o mais belo luar da minha vida!
Uma outra vez estava de férias da escola e passei uma semana em Cabo Ledo..que maravilha..!!
Matabichar papa de funge de milho logo pela manhã hahahah 🙂
Só espero que saibam preservar esse lugar lindo durante muitos anos.
Obrigado por estas viagens que me levam a recordar os bons velhos tempos, a um periodo da minha adolescência passada em Angola. Recordar é viver!
Para mim, Cabo Ledo assim como o Mussulo, sao paraisos ameaçados e em grande risco!
as “pseudo-leis ambientais Angolanas” n protegem esses locais e com o aumento populacional, a situacao só tende a piorar..
é preciso q a iniciativa privada q detem as concessoes da exploração dessas praias pense menos no lucro e respeite mais o ambiente para o bem de todos..ou corremos o serio risco de daqui a uns anitos, deixar de existir esses lugares maravilhosos!
´De acordo! Há que preservar essa riqueza paisagistica que além de agradável aos olhos e à alma o seu valor e incalculavel em ternos cientificos e ambientais e para as gerações futuras bem mais importante que os diamantes e petrólio. Parabéns pela coragem revelada aqui.
Antes de ler a frase “A sério, não vão lá. Se começa a ir muita gente, estragam aquele pequeno paraíso!” estava com uma vontade enorme de lhe fazer um comentário “insultuoso”.
Já estive várias vezes no “resort” do Sr. Queiroz, na ultima vez passei uma noite num dos seus “Bungalows”.
Nessa noite caiu uma chuvada a sério.
Para sair do resort tive de pedir a ajuda ao filho do Sr. Queiroz que com uma prática admiravel conseguiu tirar o “PRADO” por meio daquela estrada lamacenta permitindo-nos chegar à estrada para podermos regressar.
Isto com a minha mulher e a nossa bébé de 11 meses.
É algo que não nos esqueceremos ,
Conservem aquele paraiso…
atençao que aquele paraiso infelizmente tem tres donos “GRANDE QUEIROS”, Sr Cruz (General das FAA) e do campo militar da Brigada de Forças Especiais. Mas não deixe de ser uns dos lugares de angola maravilhosos onde se transmite calma, serenidade,paz …..isso tudo. BONS TEMPOS ai ai que nunca mais voltam. apesar de ser um local nao recomendavel, mas fazam um sacrificio tente nao ir mesmo ….. a pe.
oi voces ai. cabo ledo e um paraiso porque que nao vou la? eu estive la a 3 semanas e quero voltar!!! aquilo e lindo!1! olha mas alguem de voces sabe um contacto que eu posso ligar pra alugar um bungallow? por favor e urgente.
Acho que o Srº deve estar enganado no país! Como em todo lugar do mundo existem cuidados e precauções a tomar, ok?
Por isso não recomende de forma publicitária, deixando uma má imagem da localidade e até mesmo do país.
Se voce não gosta de Angola, tenha a bondade de voltar para onde possa andar e fazer turismo sem riscos..
JP
Caríssimo JP,
Está claro que não percebeu a ironia do artigo. Cabo Ledo é um local aprazível e que todos deviam visitar. Infelizmente, se for muito visitado perderá muito do seu encanto.
Já agora, onde deixei a má imagem da localidade?
Vamos ou não vamos?! Por um lado aponta uma série de inconvenientes, que me parecem credíveis, por outro lado, termina chamando-lhe “pequeno paraíso”! Em que ficamos, amigo?
Bom trabalho ou boas férias em Angola, país que não conheço, mas onde o meu marido nasceu (Benguela) e de que não se lembra… pudera, já lá vão uns 50 anos desde que de lá partiu!
Obrigada
É uma saudável dose de ironia. Cabo Ledo, como todos os destinos turísticos, cativa pela relativa falta de turistas. Quando estes começarem a chegar aos molhos fica desvirtuado e perde o encanto. Por isso vale a pena ir, mesmo sabendo que se espalharmos a palavra o que amamos acabará por desaparecer.
Adoro Cabo Ledo! Adoro a lagosta do Carpe Diem e adoro acampar na praia dos surfistas. Nesta altura, Julho/Agosto, o tempo não está muito bom, mas sair da confusão da cidade e chegar ao sossego e paz de Cabo Ledo é o melhor programa de fim de semana para recarregar baterias.
Realmente… Há que preservar esse paraíso!
Caros Afonso Loureiro,
Ao ler o título do artigo dei comigo a pensar que o autor seria com certeza consultor ou auditor de alguma multinacional. Á medida que fui lendo fui formulando na minha cabeça uma série de insultos “engraçados” para lhe endereçar como resposta.
Felizmente, gosto de ler até ao fim, pois “prognósticos, só no fim do jogo”.
Efectivamente… Não vão a Cabo Ledo! Por favor não vão!
Senãa estragam-me o sossego de fim de semana.
Um abraço.
Estive no Cabo Ledo de “férias” como militar em 1964 ,estive também no Chio e em Muxima.Hoje passados
tantos anos ainda recordo com muita saudade esses locais tão
maravilhosos.
Caro, espero que leiam tudo menos a última frase para deixarem Cabo Ledo só para nós. Eu, como gosto mesmo de sofrer, ainda passo por Mangais para dar umas tacadas de golfe e só depois vou sofrer para Cabo Ledo…
Abraço,