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27  04 2009

A falsa calma da Barra do Kwanza

Uns quilómetros a sul de Luanda, a estrada cruza o rio Kwanza. Dos milhares de rios em Angola, este é o mais importante, até mesmo a nível político.

O Kwanza é o maior rio angolano, dá o nome à moeda nacional e, durante anos, as suas margens eram reduto exclusivo das forças do MPLA.

Hoje em dia, com a guerra quase esquecida, o Kwanza é o rio da ponte bonita, a tal que tem a portagem. Foi construída no princípio da década de 1970 e, felizmente, foi evitada a sua destruição, como aconteceu com quase todas as outras, no tipo de guerra em que se prefere destruir a defender, porque dá menos trabalho.

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A ponte do Kwanza

A povoação de Barra do Kwanza ganhou uma fama triste no final da mesma década, a acreditar no que se conta. Mas esse é um tempo que já passou e uma questão que os angolanos têm de resolver sozinhos. Falemos da actualidade.

A estrada a sul e a norte estende-se por uma savana com muito capim e poucas árvores, numa paisagem quase árida, mesmo na época das chuvas. Junto às margens do Kwanza, temos uma verdadeira selva tropical, luxuriante e com um verde indescritível.

As águas do rio correm calmas, num rio muito largo, fluindo devagar até à foz que espreita no próximo cotovelo, mas a calma que o Kwanza mostra é só aparente. Do lado norte, quase no tabuleiro da ponte, está um velho carro blindado, que nos aponta os canos das metralhadoras às costas. Mesmo cheio de ferrugem e coberto de pó, nunca nos sentimos à vontade. Do lado sul, já no parque da Quiçama, julgamos ter deixado esse sentimento desconfortável para trás, mas estamos enganados.

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Pouco barulho, não vá acordar

Do lado esquerdo da estrada, no meio da mata e do pântano que se segue, há um campo minado não assinalado. As minas foram colocadas para proteger um oleoduto que se avista de vez em quando. Não foram as minas que o protegeram. Está avariado há anos, provavelmente por falta de manutenção.

Do lado norte, mesmo junto às portagens, podemos ter a sorte de avistar avisos brancos e vermelhos, muito sumidos, pintados nos embondeiros. Também ali deve haver minas.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “A falsa calma da Barra do Kwanza”

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  1. Que pena! As minas e os carros blindados estragam tudo o que de bonito tem essa paisagem…

  2. É impossivel não reparar no carro blindado!

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