Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

05 2009

Pedaços de mim, pedaços de nós

Somos feitos de tudo aquilo que vivemos. São as experiências e as memórias a elas ligadas que nos moldam e tornam quem somos. Algo em nós muda a cada coisa que aprendemos e sentimos e, à medida que crescemos, vamos criando um Eu cada vez mais bem definido.

Temos recordações que nos alegram ou entristecem e ainda outras, que recordamos sem saber bem porquê, talvez apenas porque sim. Lembro-me perfeitamente do pai de um colega, à porta do velho ginásio do bairro, a recitar a Lei de Arquimedes: «Um corpo imerso sofre uma força, de baixo para cima, igual ao peso do volume de líquido deslocado». Ficou-me na memória e nunca mais me largou, tal como o Teorema de Bolzano e cor dos olhos de uma menina com quem viajei de autocarro em Lisboa, nos meus quatro anos, ou o cheiro do sabonete Feno de Portugal.

Mas as melhores recordações são as partilhadas. Dei por mim a pensar numa ementa de um jantar a dois, à sombra do Convento das Trinas, com scaloppine ai funghi porcini, saltimboca a la romana, tiramisu e uma surpresa…

E que tal o dia em que fomos ver veados e reparámos num avião saltava sobre a Lua?

IMG_2881 Pedaço de nós

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “Pedaços de mim, pedaços de nós”

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  1. Vem mesmo a propósito o título deste post…
    Andei arredada das leituras deste blog, desde o dia em que tive a grata notícia que ia ser avó. Passei a usar o meu serão com agulhas fazedouras de enxovais de bébé…
    Após a minha visita a Angola no verão passado depois de 33 anos de ausência, trouxe a certeza que só a vinda de um neto seria tão forte que me reteria em Portugal, caso contrário a minha vida passaria por voltar a viver em Angola.
    Perante a notícia de que ia ser avó as minhas palavras imediatas foram: – E agora o que é que eu faço! Vou ser avó ou vou voltar para Angola!?
    Depois de uns segundos de respiração sustida, disse:
    – Ok!P’ra já prescindo de Angola, mas depois hei-de voltar com o meu neto.
    Apetece-me deixar de herança ao meu neto recordações partilhadas em pedaços de mim, pedaços de nós, retocadas com laranjas de pôr de sol africano.
    Afonso,
    já tinha saudades suas!

  2. Tenho boas recordações contigo… mas sei que as melhores ainda estarão para vir.
    Amo-te!

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