Fardado a rigor
Afonso Loureiro
Como em muitos outros edificios em Luanda, o nosso prédio tem seguranças à porta. Fazem os seus turnos de 24h com direito a uma refeição de arroz e frango, sentados nas cadeiras partidas todo o dia.
Ao fim de algumas semanas, começamos a conhecer um pouco cada um deles. Uns mais simpáticos que outros, outros mais educados, mas de nenhum temos razões de queixa. E não há dia em que não devolvam o cumprimento.
Cada um é responsável pela sua farda, pelo que, às vezes, vemo-los a fazer a barrela num alguidar em frente à porta. E só nestas ocasiões é que os encontramos menos aprumados.
Há um deles, que teve a sorte de lhe atribuirem uma farda mais ao tamanho do corpo, que se esmera. Anda sempre ataviado a rigor. Farda limpa e quase engomada, cinturão direito e calças enfiadas para dentro da bota da tropa com o lustro bem puxado. Não é gralha. É mesmo só uma bota reluzente. No outro pé tem um chinelo de enfiar no dedo…
Chega a ser cómico vê-lo tão aprumado e depois ir coxeando de um lado para o outro porque anda de chinelo e bota. O que terá acontecido à outra?
O guarda vai lançar a nova moda! 😉
Esse país tem imensos contrastes e é cada um..:)
Não será unha encravada? Eu já usei esse figurino bastante, porque as minhas vivem encravando 🙂
A outra atirou-a concerteza à cabeça de um aprendiz de assaltante!
Nas primeiras vezes ainda pensei nisso, mas já perguntei se tinha o pé magoado e a resposta foi que não…
Os pernetas apenas precism de uma bota.
Quantas botas terão ficado sem par nas guerras com minas!!