Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

20  06 2009

Bombeiros a ver arder

Numa das visitas ao Huambo, perguntei a um dos funcionários do aeroporto de quem era o grande hangar ao lado da aerogare. «É da Força Aérea», respondeu-me. Comentei que achava estranho estar vazio, só com um estendal num canto. Perguntei o que lá faziam. «É a Força Aérea», respondeu-me de novo. Foi uma resposta bem mais esclarecedora do que ele julga.

Recentemente, houve um incêndio em Luanda, perto do Kinaxixi. Pela primeira vez vi bombeiros na capital. Sempre me tinha interrogado quanto à sua existência, uma vez que ambulâncias só tenho visto as privadas e as do Hospital do Prenda têm ar de que não costumam sair muito.

Chegaram algumas horas depois do incêndio começar. Dois deles esticaram umas fitas de plástico para evitar que os peões passassem perto do prédio. Depois juntaram-se todos do outro lado da rua a observar. Por momentos, julguei quem me estavam a descrever as actividades «da Força Aérea» lá no Huambo.

Na verdade, até compreendo a atitude dos bombeiros. Afinal de contas, sem água dá para fazer o quê? As poucas bocas de incêndio que sobraram do tempo colonial servem apenas de banco ou decoração porque foram desligadas da rede de águas há muito e os carros de bombeiros nunca transportam muita água. Que mais há para fazer senão vedar a área e ver arder?

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

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