O asseio das zungueiras
Afonso Loureiro
O fenómeno das zungueiras é mais recente do que se possa imaginar. Surgiram em Luanda com a chegada dos refugiados congoleses que, à falta de meios de subsistência, se viram forçados a vender a retalho pelas ruas. Grande parte dos angolanos nasceram e cresceram já na era da zungueira, pelo que não poderão imaginar a cidade sem elas. A memória dilui-se na juventude.
Convivo com elas há cerca de um ano e sinto que já fazem parte da paisagem urbana da cidade, tal como as iáces pintadas de azul e branco ou os Corolla vermelhos. No entanto, todos os dias me surpreendo. Recentemente, comecei a reparar mais nas que vendem comida nas esquinas. Quase todas usam um saco de plástico como luva para tocar na comida. Numa terra onde o lixo faz parte da vida e se assiste a verdadeiros atentados de saúde pública em cada canto, as zungueiras não mexem na comida com a mão que toca no dinheiro suado.
Não sei se é por imposição dos fiscais, se por terem aprendido na escola, se por terem passado a palavra umas às outras. O certo é que não posso deixar de louvar a atitude.
Eu q não cresci nesta Luanda das Zungueiras e dos ambulantes, custa-me, digo mesmo, custa-me horrores ver essas bacias pra lá e pra cá!!:(
podem alguns pensar, mas a que tempo é esse q se está a referir? do tempo do “colono”?
pra sossego dos “pseudonacionalistas q vêm aqui debitar o seu orgulho”(Eu Tambem SOU ANGOLANA!) falo dum tempo não tão distante assim..o tempo do MPLA-PT, Partido do Trabalho, da luta continua e da vitória é certa, dos professores Cubanos, dos micates e das bichas nos Zambas…tempos difíceis portanto.
se as Zungueiras fazem parte da paisagem?
pode ser q façam sim, mas não da minha paisagem.
Ja conheci Luanda na era das zungueiras, e ao início fazia-me uma certa confusão.
Apesar de muitas e muitos viverem no meio do lixo, não quer dizer que não sejam higiénicos. E se as zungueiras fazem isso, então estão a ir por um bom caminho.
Professores cubanos não sei se ainda os há lá, mas médicos cubanos sim e aos montes, e bons profissionais!
Isso no Brasil se chama “sou pobre, mas sou limpinho”
E a luva? Seria sempre a mesma todos os dias???
No final do dia é deitada fora, como tantas outras coisas. Sacos de plástico baratos aparecem milagrosamente em todo o lado.