Publicidade universal
Afonso Loureiro
Há negócios que funcionam em qualquer parte do mundo. Um deles é o da publicidade. Haverá sempre alguém com dinheiro para investir na promoção dos seus produtos e serviços.
No entanto, desconfio que Angola é um dos pouco lugares onde as agências publicitárias são completamente desnecessárias, pelo menos para os produtos nacionais. Basta que haja uma a escutar devidamente os angolanos que terá imediatamente o monopólio nacional da publicidade em todos os meios. Se o Governo se aperceber disto, conseguirá evitar que mais divisas saiam do país como honorários e comissões de consultores, publicitários e demais.
Comecei por analisar o mercado mundial e, em particular, as campanhas publicitárias das empresas mais bem sucedidas, procurando fundamentar a minha teoria.
Certos grupos industriais internacionais aperceberam-se de que se podiam reduzir muito os custos de produção se desenvolvessem um produto universal capaz de acudir quaisquer necessidades. Vende-se sobretudo na forma de pó e, conforme a embalagem, pode ser detergente, sopa em pó, gelados, abrilhantador de sapatos ou refrigerantes. Os mais atentos já se aperceberam que as sopas instantâneas sabem a sabão e que um novo paladar de gelado acompanha sempre a nova fórmula do amaciador da roupa. Na verdade, depois de criado o produto universal, todo o orçamento de pesquisa da empresa é dirigido para as agências publicitárias, a fim de desenharem novas embalagens e criarem campanhas cativantes. O resto são corantes.
Concluí que estas empresas apostam na imensa diversidade dos seus clientes. Há que agradar todos os gostos, mesmo que o produto seja o mesmo. Os que preferem gelados de chocolate aos de manga estão longe de saber que, se os rótulos fossem trocados, não dariam pela diferença, mas que ambos os sabores dão uma razoável sopa de rabo de boi.
Tenho de confessar que fiz uns quantos inquéritos, prospecção de mercado, digamos, para descobrir o tipo de campanha que funcionaria em Angola. No fundo, inverti a ideia que algumas companhias têm de produto único com embalagem diferente e criei a noção angolana de embalagem única com produto diferente. Tudo isto porque os angolanos são diferentes dos outros. A diversidade de gostos em que as empresas estrangeiras alicerçam o seu plano de negócios, em Angola resume-se a preferir funge de bombó ou de milho.
É que os angolanos são tão orgulhosos da sua terra que a primeira coisa que dizem do que cá se faz é que é «O melhor do mundo!». É aqui que reside o segredo!
«O que acha da Unitel?»
«É a melhor operadora do mundo!»«A cerveja Eka é boa?»
«A melhor do mundo, sem dúvida!»«E a Cuca?»
«Também é a melhor cerveja do mundo, claro!»«O Mussulo é agradável?»
«Toda a gente sabe que é a melhor praia do mundo!»
Estou já a imaginar o Governo mandar imprimir milhões de autocolantes para revestir as embalagens de toda a produção nacional, estimulando o orgulho angolano e afirmando aquilo que todos sabem, Angola é o melhor país do mundo! Em cada lata de Cuca, o espelho do orgulho nacional, em cada bilhete da TAAG um peito inchado de patriotismo!
A melhor cerveja do mundo!
O melhor desta ideia é que é de aplicação universal. Na verdade, as embalagens passam a ser desnecessárias. A partir de certa altura, todos saberão que estão a comprar o melhor produto do mundo.
Mas, vendo melhor a coisa, acho que os angolanos já passaram à fase seguinte. Eles sabem perfeitamente que o produto nacional é o melhor do mundo. A publicidade é desnecessária.
Quer-me parecer que inventei a roda…
O melhor graffiti do mundo
Bom dia. Ora aí está um artigo que me mostra um povo feliz! A ignorância não é o que se desconhece mas sim o quanto se está convicto da sua verdade.
Sem conhecimento não há exigência… Está tudo bem. Preciso é sobreviver dia-a-dia e ser feliz.
Até.
Sensacional esse grafiti melhor do mundo. Vou puxar um link pro seguindo adiante, tá?
Onde foi que você achou ?
Logo à saída do Caxito, em direcção às Mabubas, somos brindados com o melhor graffiti do mundo! Encontrei-o quando fui em busca de memórias alheias.
E sim, pode usar a fotografia à vontade.