Sinais de progresso
Afonso Loureiro
Ao fim de muitos meses de Luanda, a cabeça começa a ficar saturada. Gotinha a gotinha, a nossa reserva de paciência vai-se esgotando nas arrelias próprias desta cidade que acaba por se assemelhar a um imenso purgatório onde milhões sobrevivem miseravelmente, expiando pecados que não os seus.
Quando chega o fim-de-semana e preferimos ficar em casa em vez de ir conhecer mais um pedacinho da cidade ou arredores, dando a desculpa do trânsito, dos polícias chatos, das bichas para o combustível, é sinal de que estamos a precisar de sair da cidade para lavar a alma.
Paredes velhas
Apesar de ser uma viagem longa e algo cansativa, o Dondo é um destino que não desilude. A pacata cidade acolhe bem as visitas, mesmo sem ostentar os bares da moda ou avenidas acabadinhas de remodelar.
Sopa, pipocas e rebuçados
Os pontos de referência do antigamente ainda lá estão e, felizmente, adaptaram-se à passagem do tempo.
No Sol e Pó
Na verdade, o Dondo é uma terra que respira antiguidade e onde o desenvolvimento não se tem feito à custa de paredes derrubadas.
Restaurante Suiça
No centro da cidade surgiu um novo hospital, mas nem por isso parece deslocado. Aparenta sempre ter existido, embora saibamos que é recente. Curiosamente, um dos edifícios que agora parece estar a mais, é o antigo Hotel Marginal, com a sua traça típica da década de 1960. Estaria integrado no Huambo ou Luanda. No Dondo, nem por isso.
Hotel Marginal
O novo pavilhão desportivo, que surgiu mesmo atrás do mítico Sol e Pó, prometia ser um mamarracho. Acabado, desmente as nossas suspeitas. Reparamos que está muito bem adaptado ao clima, como, aliás, quase todos os edifícios da cidade.
Novo pavilhão polivalente
A grande placa escura à entrada não deixa dúvidas de que as obras terminaram há pouco. E ficamos a saber que o Dondo subiu à categoria de cidade há quase quatro décadas.
Obra recente
Tal como acontece com o Estádio dos Coqueiros, os serviços religiosos alternam com as competições desportivas. E, desta vez, parece que chegámos em dia de competição de coros religiosos. Foi muito curioso ver a religião misturar-se com os ritmos da terra.
Os últimos participantes
O actual Governador da província tem feito um excelente trabalho na recuperação de infra-estruturas e na criação ou reabilitação de espaços de lazer, que são tão necessários como água e electricidade. As obras nos espaços de lazer não ficaram pela construção do novo pavilhão. Recuperou-se também o jardim do coreto, em frente à Igreja Matriz.
Só falta a banda
Ver o Dondo renascer aos poucos faz-nos acreditar em coisas que a vida em Luanda nos diz serem impossíveis. Parece ser possível que o progresso não passe por uma torre de vidro espetada como uma lança no coração da cidade.
Largo de Lazer
Com as forças retemperadas, é hora de voltar para casa!
Até à próxima!
Ainda não tive o prazer de visitar o Dondo. Talvez um dia destes me ponha a caminho. Gostei da ideia das fotos, com o autor da foto no centro da foto. ( Não vá nenhum recente hoteleiro gamar para colocar num quadro do seu hotel. )
Algumas fotografias perdem metade da piada, mas foi inevitável…
Afonso,
Muito bom esse post, deu uma vontade imensa de conhecer a província. Mas a melhor coias é ver que, agora, você põe uma marca d´água nas fotografias, para elas não serem copiadas por determinado jornal, ahahaah, muito bom, muito bom.
Adorei as fotos e os comentários…preparo-me para visitar o Dondo (minha terra natal) em 2010.
Agradeço a boa vontade em nos permitir visualizar as ruas da nossa terra.
Parabéns e continu a tarefa…Um abraço
Onde hospedar-se no Dondo? Existe algum hotel decente? Ao lado do Rio, já vi uma construção bonita, de madeira com tecto de capim… aquilo é quê?
A resposta a todas as perguntas é: não faço ideia. Nunca dormi no Dondo e aquele jango sempre esteve vazio.
quem viveu nos anos 60 & 70 em Malange se por ventura conheceram alguem de nome Gualdina Pereira, sou neto dela, os dois filhos dela ja sao falecidos e eu gostaria de saber mais acerca da minha familia. Era penso, que Cabo Verdiana, vinda para Angola nos anos 40. a quem diga que era MADAME. Se souberem ou familiares que viveram neste periodo em Angola por favor digam me algo. vivo na inglaterra
Dondo é a minha terra natal, nasci no hospital em 1966 aí passei a minha infancia até 1974 altura que vim para Portugal,quem puder que me envie fotos do dondo para matar saudades… valeu