Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

11  09 2009

Azáfama organizada

Os aeroportos internacionais de todo o mundo estão cada vez mais parecidos. Mesmo em países distantes, a cada vez maior harmonização das regras dos transportes aéreos obriga a que os procedimentos sejam iguais em todo o lado.

Tenho reparado que contrastam sempre com o mundo que os rodeia. Partilham uma atmosfera peculiar, de uma azáfama organizada onde tudo parece estar a correr a alta velocidade mas, ao mesmo tempo, as coisas são feitas com vagar, que a pressa é inimiga da perfeição.

O contraste entre o interior do aeroporto e a cidade que cresce à volta de cada um é assustador. Lá fora, tudo parece turbulento, com carros a deslocar-se em todas as direcções, cruzamentos, semáforos, combóios, casas e ruas que se misturam umas nas outras fazendo uma malha que acaba por ser demasiado confusa para compreender. Na placa, tudo tem aspecto de útil mesmo que aparentemente desactivado ou fora de uso. Viaturas paradas em locais ermos aguardam o momento certo para mudarem de sítio. Achamos estranho, mas parece-nos que faz todo o sentido.

Esta sensação começa na aproximação à pista, quando começamos a reparar no que se passa no chão e procuramos as diferenças para a terra de onde partimos.

Nas voltinhas que se dá no autocarro desde o avião até ao terminal sentimo-nos sempre numa bolha, em que observamos o mundo como quem vai ao aquário. Do outro lado do vidro é a selva. Deste lado é o silêncio e a penumbra dos corredores.

A sala das bagagens devolve-nos à balbúrdia, mas, por alguma razão desconhecida, do lado de fora já não achamos que seja tão confuso quanto julgávamos à chegada.

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

3 respostas a “Azáfama organizada”

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  1. Hum…No aeroporto de LX, até se anda bem…Madrid(Barajas), é enorme, e volta e meia é preciso fazer uma maratona de uma ponta a outra, em slalom, desviando dos trauseuntes. Barcelona, já não me lembro, por isso deve ser ok. Paris(orly) é uma CONFUSÃO. Sobe, desce, vira, volta…bah.
    Agora o de Luanda é um pincel…sai do avião, fila para sair, sala dos vistos, 3 horas para acalmar. Bagagens, tudo ao molho, e quando pensávamos que estava tudo terminado, heis que temos uma male humana mais do que espessa à nossa espera na porta…e que nos segue até ao carro…Bolha, aquário, em Luanda, acho que é mais dentro do carro, que dentro do avião. No avião ainda há uma certa distância. No carro estamos lá no meio.

  2. G., obrigada pelo Aerograma avisando sobre Barajas, vou estar lá daqui a 3 dias. Desanimador (o slalom), mas pelo menos sigo prevenida.

  3. Já perdi um avião em Frankfurt porque demorei demasiado tempo de uma porta à outra… Quem se lembra de programar vôos de ligação que implicam 45 minutos de autocarro no aeroporto para ir do avião ao terminal 1, quando o segundo avião parte do terminal 2, com apenas 50 minutos de diferença?

    E em Barajas, só não aconteceu o mesmo porque corri de uma porta à seguinte.

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