Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

10 2009

Der Rösti mit coisas no meio

Há alturas em que a imaginação para a culinária anda em baixa. Abro o frigorífico e não consigo lembrar-me de nada que não tenha feito tantas vezes que me tenha fartado. O paladar também precisa de variedade e emoção.

Depois de esgotar os bolos de banana-pão, os ingredientes esquisitos e provar os sabores da terra, chegou a altura de experimentar coisas verdadeiramente novas.

Inspirado por uma história de um colega de Curitiba, investiguei a possibilidade de aldrabar uma receita suíça, lá do cantão de Berna, o rösti. A primeira experiência correu bem e agora requer apenas continuação.

O único inconveniente que vejo nesta receita é o facto de se ter de preparar com muita antecedência, quase como o peixe de véspera que se vai comer amanhã se o pescarmos hoje…

O rösti tradicional é um prato de pequeno-almoço que, na sua variante mais simples, leva apenas batata. A aldrabice consiste em rechear o rösti com algo que lhe dê mais substância e faça dele uma refeição principal.

Batatas
ingrediente principal

Em primeiro lugar, precisamos de batatas. As mais indicadas são as para fritar, que absorvem menos gordura e garantem um rösti mais bonito.

Na panela
Uma entaladela

É necessário preparar de véspera as batatas, dando-lhes uma entaladela. Cozem apenas o suficiente para começar a ficar moles. Dez minutos são mais que suficientes. Depois escorrem-se, descascam-se, espera-se que arrefeçam e guardam-se no frigorífico.

Lua
Esperamos um dia

No dia seguinte, obviamente cheios de fome, agarramos num ralador e nas batatas da véspera e esfregamos um no outro.

Ralador
Instrumento de tortura medieval

Com um pouco de cuidado não ralamos as pontas dos dedos e obtemos uma grande taça de batatas às tirinhas. O passe-vite não serve, porque deixa as batatas demasiado moles.

Batatas raladas
Raladíssimas

Numa frigideira com um fio de azeite, faz-se uma camada compacta de batata ralada. Para a batata não se agarrar aos dedos e temperar ao mesmo tempo, vão-se molhando as mãos em água com sal.

O recheio
Recheio inventado

Com o que houver à mão, inventa-se um recheio. Desta feita usei queijo e atum, mas já experimentei com salsichas, cogumelos, maçã ou ananás e passas.

Azeite
Mais um pouco de lubrificante

Cobre-se o recheio com outra camada de batata e tenta-se fazer uma espécie de bolacha não muito alta.

Na frigideira
Cinco a sete minutos de cada lado

Em lume forte, vai-se tostando o lado baixo até ficar dourado. Como não o conseguimos ver, fazemos de ouvido, com um cronómetro de cozinha a marcar um pouco mais de cinco minutos.

Dois pratos
A acrobacia

Depois é preciso virar. Não se pode fazer como as omeletes porque o rösti se desfaz todo a meio do salto. É preferível usar uma omeleteira ou simplesmente dois pratos e a frigideira.

Quase pronto
Segunda volta

A cada volta acrescenta-se um pouco de azeite. Pelas minhas contas, duas vezes de cada lado dão bons resultados.

Depois das batatas cozidas, descascadas e repousadas, prepara-se o rösti recheado em menos de três quartos de hora, contando com cerca de meia-hora na frigideira.

Acerca do autor

1

Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

8 respostas a “Der Rösti mit coisas no meio”

Nota: Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados.
  1. Bem, isso por acaso tem muuuuito bom aspecto…

  2. Excelente dica. Vou ter que experimentar, Eng.º.

    P.S. Acompanha com que néctar? 😉

  3. Acompanha com o néctar apropriado ao recheio…

  4. Muito bem! Tens é de me explicar essa técnica-do-prato que, certo dia, com uma tortilha, a coisa resultou a atirar-pró-pessegada! 😀

  5. daqui da terra do rösti digo que ta muito bonito sim sr , o rösti matou a fome a muito suiço antigamente quando nao era a suiça rica de hoje , muitos forao criados com rösti queijo e nada de chocolate que o cacao era muito caro , como os tempos mudao
    saudaçoes de zurich

  6. Caro Afonso,

    Parabéns pelos dotes culinários! Como cozinho muito, fixei a ideia, para a recriar assim que possa. Vou ter de pensar num recheio bem ao meu gosto e logo lhe direi o como ficou.

    Abraço,

    Alexandre Correia

    PS – Também já andei bastante a pé no meio de pretos. Aí em Luanda, mas também na selva, como quase só há em São Tomé. As reacções e as sensações foram idênticas…

  7. Há três maneiras de encher o estômago em Luanda: comer fora (caro), comer sempre o mesmo em casa (barato, mas estúpido), experimentar cozinhas coisas novas (às vezes surgem surpresas).

    E é um facto, os brancos não andam a pé…

  8. A frigideira não pode ser muito funda e é mais fácil se tiver os lados pouco inclinados. Coloca-se o prato sobre a frigideira e vira-se tudo. Coloca-se outro prato sobre o que agora tem a tortilha ou o rösti e volta-se mais uma vez. Encaixa-se a frigideira sobre a comida e torna-se a voltar. Deve resultar.

    Só com um prato também se faz, mas aí já dá mais jeito que a frigideira tenha os lados inclinados, para fazer escorregar a tortilha lá para dentro depois de virada.

Deixe uma resposta

Nota: Os comentários apenas serão publicados após aprovação. Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados de imediato.

« - »