Jornal de Angola: «Faltou a luz em Luanda – escândalo nacional»
Afonso Loureiro
Em noites como esta, nas quais tento ir acertando nas teclas às escuras, enquanto a bateria do portátil se aguenta, sinto-me verdadeiramente longe de casa. Não é pela falta do conforto da electricidade, que não sou assim tão dado aos luxos, é mais pela resignação a que esta situação remete. Estranho que no dia seguinte não seja notícia de jornal a falha prolongada de luz na capital do país. Estranho ainda mais que não haja mais gente a estranhar.
Os angolanos estranham é que nós achemos o facto digno de notícia de jornal ou que achemos inadmissível que os bancos estejam sempre sem sistema ou que as caixas automáticas trabalhem apenas a meio gás.
É como dizem, pedra de rio não sabe quando chove. Já dizia a falecida Mamã Vitória, acerca das falhas de luz, água e estradas esburacadas “Se os angolanos soubessem como se vivia antes, recusar-se-iam a viver assim”.
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Mas há-de chegar o dia em que o jornal das boas notícias não trará apenas artigos elogiando as grandes conquistas da nação e que publique, em letras garrafais, o escândalo que é, num país civilizado, faltar a electricidade com tanta frequência.
Até lá, continuarei a vaguear cá por casa com a lanterna à cabeça, sonhando com o cheiro do acetileno no Algar da Lomba ou pendurado a meio da Galeria das Aranhas. Já que não há luz, sempre posso sonhar com as grutas.
O problema é que as Mamãs Victória foram morrendo e os angolanos jovens, como nunca conheceram nada melhor, vão “comendo” as atoardas do MPLA sem verem que estão a ser enganados. Isto não é uma justificação do colonialismo! Acontece que na altura da descolonização todos os portugueses/colonos e seus descendentes (angopulas) foram considerados uns bandidos, do mesmo modo que todos os que antes queriam a independência eram turras. Deu asneira…
Não houve em Angola um Mandela que travasse os excessos e agora é o que se constata.
Não tens gerador? Nem reservatório de água? Passei 20 dias em Luanda para apalpar terreno e ponderar se compensa largar o conforto de Portugal pelo vencimento atractivo dos expatriados em Angola. A única conclusão a que cheguei é que aí sem gerador nem reservatório não vale a pena… é que durante esses 20 dias, talvez em 3 ou 4 não houve cortes nem de energia nem de água.
Ana,
Taí o problema: as pessoas que teriam de resolver o problema não têm problema, porque têm gerador e reservatório dágua.
Os que não têm gerador nem reservatório aprenderam que não se pode ter tudo, que antigamente era pior, que são apenas 7 anos do fim da guerra, que o governo está a fazer o possível para melhorar as condições do povo e que um dia esse país será o maior do mundo, porque o melhor já é.
O mais dificil são os primeiros 20 anos!
Caro Afonso,
Compreendo perfeitamente a sua revolta e até entendo as críticas dos seus comentadores. Mas percebi que António não está em Angola há 20 anos. Porque se estivesse, até se sentia tão agradado com as condições actuais que, no mínimo, escusava-se a fazer mais comentários. Há 20 anos, também era indispensável, como hoje, ter gerador e depósito de água. Mas precisava ainda de um livre-trânsito para circular depois do pôr do sol (e não saía de Luanda…), o bufete ao jantar no Hotel Trópico, que hoje é uma boa referência, custava 5 mil escudos por cabeça sem bebidas e só havia comida para os primeiros a servir-se, embora a conta fosse cobrada mesmo aos que ficavam de prato vazio na mão. E as comunicações? Se tivesse um aparelho de telex, ainda se safava, mas de resto, não tinha a mínima hipótese de romper o isolamento. Sabe porquê? Porque a velha central telefónica, ainda de cavilhas, veja só, era tão limitada que para fazer uma ligação ao exterior tinha de se encomendar a chamada: ligava para a central e combinava; e eles logo lhe diziam em que dia e a que horas iam passar a ligação. E você rezava para que alguém atendesse em Portugal, senão, era mais rápido mandar uma carta por correio aéreo. É verdade que está muita coisa mal, mas se imaginasse como era há 20 anos, António nem saía de casa…
Abraço,
Alexandre Correia
Em termos de luz acho que está bastante melhor do q quando aqui cheguei à 3 anos atrás.
Já em termos de água, está tudo mais ou menos na mesma, na minha opinião: vai e vem, sem aviso nem nota prévia, e por vezes vai de férias por uns dias (beeem) longos…
Ah, e n tenho nem gerador nem depósito, não há espaço no terraço e moro num 6º andar…sem elevador claro…
Xiii, Miguel A. Estou a ver que há por aí muito banhinho de caneca! 🙂 Eu tenho gerador e reservatório, também moro em prédio mas, há um espacinho nas partes comuns que dá para o ter. E claro, há o stock de garrafas de água em casa. Ora, parece que vivo bem, então. Mas não. Tirando as vezes que o gerador (novo) avaria e, as vezes que a electrobomba também avaria… bem, não é coisa bonita não senhora. Já estive umas 3 semanas seguidinhas a aquecer água de manhã e tomar banhoca com a bela da caneca. No entanto, ao fim de 3 anos, estou como os angolanos. Para mim, já não é escândalo. Olha, é a vida. Vou-me chatear? Vou chorar? E acho que é mais isso que eles sentem. Resignam-se. Para quem não tem poder de escolha (como nós expatriados, sempre podemos ir embora), será sem dúvida a opcção mais inteligente. Mas não é digno para ninguém, claro!
Sou um nababo, com um gerador e um depósito. Não ligamos muito o gerador e passamos alguns dias às escuras só porque achamos um desperdício gastar tanto gasóleo só para alimentar a televisão ou o modem.
Reconheço o bom trabalho da EPAL na instalação de mais válvulas de seccionamento de sectores a cada quarteirão. Durante as obras o depósito chegou a ficar a seco, mas agora a bomba trabalha menos vezes.
Yá Migas, às vezes lá tem de ser. Mas onde moro tenho outras vantagens: hoje vou ver o show Angola-Brasil de Borla, sentado na bancada central sem sair de casa.
Não se pode ter tudo, em parte alguma do mundo isso acontece…
Xéééé… 🙂 Isso parece-me bem Miguel A. E não alugas a varanda? 😛
Sempre, Sempre quando chegarmos as 18h oo a energia vai,mais todos as noite . Vejam este causo : as pessoa de directo. Nao podemos viver desta forma : As noite precissamos de fazermos a leitura o calor de Luanda etc
Eu queiro mais uma vez, alertar a camada mais joven que saiam da droga, aceitam jesus cristo como salvador das vossas e nossas vida, digo mais, as coisa do mundo passa mais a palavra de Deus nunca passara . nao pode esperar o amanha muito tarde ok texto biblico em Mt 11:28