Madrugadas serenas
Afonso Loureiro
O trânsito caótico que estrangula a cidade durante o dia evapora-se com o avançar da noite, fazendo Luanda ficar com o movimento de uma pequena cidade de província. Tirando o ocasional acelera ou buzinador crónico, o bulício diurno é a última coisa imaginável.
As obras de arte construídas recentemente para aliviar os cruzamentos mais críticos passam despercebidas durante o dia, quando todos estão preocupados em manter o palmo de distância ao carro da frente, receoso que alguém se meta na nesga. O pó que os carros levantam esconde tudo, enche as narinas e os olhos, mas também ele parece descansar durante a noite.
É exactamente nas horas que antecedem o nascer-do-Sol que a cidade nos apresenta uma faceta nova e interessante. As imagens que temos de Luanda não são as costumeiras do lixo e da confusão, mas antes as de uma cidade limpa e organizada.
Modernidade
Se conseguir convencer os patrões a deixarem-me trabalhar de noite, as neuras que Luanda às vezes me provoca eram capazes de desaparecer de vez…
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