Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

12  01 2010

Os gajos do Nuórte

Em cada vôo de Lisboa para Luanda há um tipo de passageiros que se distingue facilmente. São os gajos do Nuórte, carago.

Ao longo do último ano fui traçando um mapa com as características mais óbvias destes portugueses que rumam a Angola. Formam um grupinho compacto e vestem, geralmente, roupa escura. Calças castanhas e camisas pretas a condizer com óculos de sol muito grandes, que lhe dá a todos, novos e velhos, o ar de quem acabou de sair da discoteca às seis da manhã e quer esconder as olheiras e olhos vermelhos aos guardas. A idade varia entre os vinte e tantos anos e os cinquenta, mas todos se comportam da mesma maneira e não resistem a fumar com gana dois ou três cigarros entre sair do avião e entrar no controlo de passaportes.

Penteados à Dino Meira, Art Garfunkel ou outros artistas das mesmas épocas condizem absolutamente com o sotaque de Entre-Douro-e-Minho que é tão doce nalgumas mulheres mas que, quando ouvido num homem, apenas nos faz pensar no Pinto da Costa a gritar «FêQuêPê!».

Ao contrário dos restantes passageiros, conhecem-te todos desde sempre, mesmo que nunca se tenham visto antes. Falam alto e contam proezas dignas do nosso fenómeno. Chegam a ser irritantes. Mas caramba, são muito mais unidos que os mouros lá de Lisboa!

Acerca do autor

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Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

11 respostas a “Os gajos do Nuórte”

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  1. Apenas embarquei uma vez do Porto para Luanda e a sensação com que fiquei é que os homens de Lisboa não falam uns com os outros porque seguem acompanhados com as ilegítimas… Claro que há as excepções do Norte e do Sul 😉

  2. Ehehehe!!! Sempre que viajava para Luanda pensava exactamente o mesmo!

  3. Poderá ser uma explicação…

  4. He, he… Post muito fixe. São uns cromos esses gajos do Norte.

  5. Das ínumeras vezes que “levei” o meu sogro ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, observava todos os que embarcavam para Luanda e achava engraçado a interacção entre todos eles, fiquei a perceber depois de explicado pelo meu sogro que nem todos eram da mesma empresa e que na maíoria das vezes nem se conheciam!!!!!! Quando embarquei para cá vinda de Lisboa, reparei que se fazia um enorme silêncio, (quebrado pela choradeira e gritos dos meus filhos), todo o voo foi assim! Ao contrário do que me tinha relatado o meu sogro que muitas vezes lamentava que embora se desligassem as luzes o pessoal NUNCA se calava durante as oito horas de voo, claro que falamos de pessoal do Norte.
    Tenho “costela” minhota e alfacinha(pai minhoto e mãe moura) mas primo por manter a minhota, da qual muito me orgulho, por todo espirito de cumplicidade, entre ajuda, partilha que possuem.
    E biba o Norte canudo.

  6. Vivo no Porto. Vivo em Luanda. Sou de Benguela.

    Viajo com frequência Porto-Lisboa-Luanda.

    Não vejo essa caracterização na população do Norte, mas…

  7. Para os do Norte, os Mouros devem ter características também estranhas. Afinal de contas, as primeiras coisas em que reparamos são as diferenças e só depois as semelhanças.

  8. Sou do Porto, e preparo-me para ir pela primeira vez para Luanda (penso que mesmo ainda este mês/início do próximo), integrado numa equipa de trabalho de 4 elementos, sendo que dos 4, eu sou o único do Norte.
    De facto, “os gajos do nuórte”, são de uns “falabarato” e por vezes não se calam, eventualmente perturbando os demais que, por não serem do norte não têm que apanhar com eles, principalmente durante uma viagem de 8 horas para um país distante, no entanto, o Afonso tem razão, tendemos a ser muito mais unidos, a criar laços de amizade muito mais sólidos do que a malta do resto do país e exemplo disso, é que pessoalmente na equipa da minha empresa que irá para Angola brevemente, tento constantemente fomentar entre nós esses mesmos laços de inter-ajuda, camaradagem e até amizade, de forma a que, oportunamente quando estivermos em Angola mais ou menos sós e sem as famílias, nos sintamos, dentro da medida do possível, e dado que vamos viver todos na mesma casa, um família, ou qualquer coisa muito perto disso, de forma a que consigamos ultrapassar o melhor possível o tempo que demorará a missão de 3 anos que se nos deparara pela frente.
    Como tal meus caros, Angola terá oportunamente mais um “gajo do nuórte”, um daqueles falabarato, dos que não se calam mesmo quando metem conversa com quem não conhece, e que passados minutos, está a conversar facilmente como se já conhecesse essa pessoa há anos, mas podem ter a certeza que terá mais um “amigo de trato fácil”, um “sempre disponível quando necessitares”, um “camarada no trabalho sincero” (excluí-se obviamente o sentido político da palavra “camarada”), um, um, um…. “Gajo do Nuórte”… 🙂

    Um abraço

  9. É,realmente ,uma falta de educação falar de detarminada camada de pessoas.Falar mal.Será que as pessoas que tanto gostam de se salientar,achando que são elas,pessoas,os únicos que falam bem e se comportam bem?Não haverá lá por casa um espelhinho,pequeno que seja,para que as pessoas se mirem e façam a pergunta da praxe?Já escrevi milhares de aerogramas e este é mais um.Comecei a escrever aerogramas em 1961.Cumprimentos para toda a gente de um “Gajo do Norte”que já se cansou de ouvir tanto falar mal dos gajos do norte.Qual norte?Um abraço.

  10. Não creio que se tenha falado mal de ninguém. Salientaram-se as diferenças, nada mais que isso. Para quem mora no norte de Portugal, os “mouros” também têm umas características esquisitas…

  11. Salientaram-se as diferenças sim mas pela positiva!!!!!!
    E de “mal” não lemos nada!! Até porque sou casada com um homem do Norte e somos bem diferentes de usos e costumes…
    E utilizando um velho ditado popular: “cada terra com o seu uso, cada roca com o seu fuso”

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