A ginguba dá força
Afonso Loureiro
Na fila para a gasolina há à venda de tudo um pouco. É um bom local para vender. A longa espera aborrece os condutores, que ficam um pouco mais receptivos aos argumentos dos vendedores, nem que seja para afastar o tédio.
Para um lado seguem os vendedores de óculos de sol, sapatos e desodorizantes, para o outro vão os de escovas de limpa-pára-brisas, capas de estofos tapetes e telefones. Az zungueiras, com grandes alguidares de bananas ou mangas à cabeça aproximam-se das janelas à vez, dizendo que «a fruta é boa, amigo».
O vendedor de auriculares reclama do pedinte que lhe estraga o negócio e as mulheres sentadas à sombra do toldo da esquina conversam e riem alto com a mercadoria presa entre as pernas e os panos.
O vendedor de filmes piratas mostra a mercadoria, desfolhando os discos com títulos sonantes do cinema chinês ou êxitos de série B de há vinte anos. Pelo meio há um ou outro filme recente e os sempre presentes Savimbi e Bin Laden. Quando o cliente não se mostra interessado pela oferta do videoclube inclina-se um pouco para dentro do carro e pergunta «E jindungo?», enquanto mostra os filmes do fundo da pilha. Têm títulos que deixam pouco à imaginação quanto ao argumento. «Big booty blacks», «Blacks on blondes» ou »Ebony fest» são alguns exemplos. As imagens das capas também contam a história toda, mas o vendedor fica um pouco desconsolado porque nem isto lhe compramos.
Um pouco mais tarde, pela outra janela, vem a oferta de vendedora de amendoim torrado, segurando uma bacia vermelha entre os braços: «A ginguba é boa. A ginguba faz bem e dá força!». Com o sorriso malandro que o vendedor de filmes picantes fez há momentos, aproxima-se um pouco mais e acrescenta «Dá força lá em baixo!».
eheheh não sei se dá força…em baixo, mas tenho a certeza é que ginguba dá bom humor
Recentemente, numa viagem de natureza profissional à Guiné Bissau, contava-me um colega o último trunfo publicitário de uma vendedora de bananas.
Perante a sistemática negativa do potencial cliente de que não queria bananas, aproximou-se quase roçando o cliente, baixou a voz ensaiando uma entoação lânguida e ao mesmo tempo que acariciava uma banana em gesto provocatório, disse:
Olhe que a minha banana é booooa!
A um colega meu, a zungueira de ginguba defendia as propriedades afrodisíacas do produto. O meu colega disse-lhe que isso era inútil, que não tinha cá a mulher e ela, desembaraçada, disse que não havia problema, se fosse preciso, ela mesma tratava do assunto – serviço completo, por assim dizer.
grande afrodisiaco eu ja confirmei e as zungueiras tem razao