O lixo e o luxo
Afonso Loureiro
Descobri numa das artérias principais da cidade, a uns quarteirões de casa, um concessionário de carros de luxo acabado de inaugurar. Na montra havia meia-dúzia de carros de cores disparatadas, daquelas que só os ricos são capazes de usar porque um carrinho barato laranja às riscas verdes é pindérico, mas se o dito custar mais que uma casa é apenas uma afirmação de estilo. Sem surpresas, os dois mais caros tinham o letreiro a indicar que estavam vendidos.
A montra está cheia de dedadas e marcas de narizes que se lhe vão colando para melhor ver as máquinas. Carros daqueles são raros até em Angola, terra dos luxos mais extravagantes.
Carros de Luxo
Porém, a reputação de Angola não é feita apenas dos luxos de alguns. A pobreza de muitos faz um contraste demasiado grande para ser ignorado. Enquanto uns vivem no luxo e na ostentação do que há de mais caro, outros sobrevivem no meio do lixo desejando umas migalhas da mesa dos ricos. As migalhas nunca vêm, porque os ricos não dão nada a ninguém. Fecham os vidros fumados do carro de luxo, ligam o ar condicionado e fingem que não vêem as pessoas que fogem da lama que as jantes cromadas fazem salpicar. Vão contornando os montes de lixo e quando chegam a casa oferecem meia-dúzia de kwanzas para que um miúdo lhes lave o carro com água suja.
O Luxo no lixo
A relação entre o lixo e o luxo obedece a uma série de regras secretas, que acabam por fazer os que vivem no lixo sonhar com o luxo e desperdiçar recursos no fútil. Nos grandes contentores de lixo que distribuem pelos musseques e onde se amontoam resíduos de todas as formas e feitios, não é novidade encontrar caixotes de ecrãs planos de cinquenta polegadas. Provavelmente foram comprados por alguém que arrendou o seu apartamento no centro da cidade por uma fortuna para agora ter a televisão gigante na sala e o todo-o-terreno de luxo à porta da casa, a imitar os ricos. Quando chove o todo-o-terreno de jantes cromadas fica atascado na lama do bairro e em casa tem de proteger a televisão com um plástico por causa da água que atravessa os buracos no telhado de chapa ondulada. O lixo convive com o luxo.
É um facto histórico de que nos países que se libertaram do jugo colonial as “elites” que passaram a “dirigi-los” copiaram e seguiram religiosamente o que de pior tinham os anteriores regimes coloniais. E que as diferenças sociais e económicas foram aumentando. Da minha experiência pessoal em Angola também constatei e mesmo. Verifiquei com espanto que a percentagem de carrões tinha aumentado, que a arrogância dos ricos tinha passado para patamares nunca antes por mim imaginados e que as respectivas zonas residenciais se tinham tornado locais de acesso reservado, bem mais reservado do que no tempo colonial, quando não havia vidros fumados, grades nos edifícios e seguranças à porta. Ah, havia a polícia política repressora! Mas agora também há! E os que então mandavam já estão agora novamente a mandar, se bem que por interpostas pessoas.
A Porsche já abriu em Luanda??!!
A Porsche abriu um concessionário e uma oficina. Tudo em grande!
A oficina vai dar um bom dinheiro só trocando suspensão.
a serca da lixo em luanda tenho que dar a nossa opnião
Ex. nos aredoreis da munisipio do kilamba- kiaxi encontramos muitas lixeira ieto porque não tem contectores
e a população destá zona semte-se obrigado despejar o lixo nais lixera que eles mesmo criam.
a serca da recolha do lixo neste municipio não acontece.
porque?
sera que não tenha direito?
visto que luanda é acapital de Angola.
Vai me desculpar mais Afonso tu ñ xtas serto em dizer essas coisas. é cmo se tiveses inveja dos k podem comprar ests carros! Aqui ninguem é ninguem para julgar quem quer q for. Isso é pensamento atrasado. quem pode pode quem ñ pod luta para amanhã poder. Aprend
Meu caro Calsinhas, Vidros fumados ñ são sinonimos de arrogancia!
Cara Leandra,
Não tenho inveja nenhuma de quem pode comprar esses carros. Acho é que a riqueza está muito mal distribuída e penso que algo está mal quando as pessoas, em vez de quererem boas condições de vida, sonham apenas com Tubarão à porta.