A cantora grossa
Afonso Loureiro
Nos últimos resquícios de um Verão que durou até ao final de Outubro, embarcámos com rumo ao Mediterrâneo Oriental. Foi uma viagem memorável em todos os aspectos. Alguns ficarão só para nós dois, mas outros fazem parte da história que temos obrigação de contar.
Um desses episódios envolveu a cantora inglesa muito alta que costumava actuar ao serão numa das salas do navio. Ao fim de alguns dias já lhe conhecíamos o reportório todo, mas não desiludia. Certa noite, depois de um jantar um pouco mais demorado, entrou na sala já com os músicos a tocar a sua segunda ou terceira música. Vinha toda sorrisos, muito mais do que era costume.
Para além de ser muito alta, costumava calçar sapatos com saltos impossíveis, que a faziam crescer mais um palmo. Equilibrar-se naqueles sapatos num barco que se inclina para um lado e para o outro constantemente é um desafio, mas ela fazia-o como se fosse fácil. Desta vez, com o mar quase chão, parecia ter esquecido a arte e tentava evitar que os pés lhe fugissem. Pediu ajuda ao teclista e, com uma gargalhada, agarrou-lhe as duas mãos para subir ao palco.
Os olhos vidrados e as gargalhadas abafadas que dava sempre que olhava em volta faziam crer que o jantar tinha sido bem regado. Os músicos iniciaram mais uma canção sem letra, sem saber muito bem como salvar a situação. Ela insistiu em cantar na música seguinte, mas não foi capaz de ler a letra pequenina das folhas e a memória falhava. A canção começou bem, mas acabou como instrumental.
Sem rumo
A solução de recurso foi usar o computador do baterista, mostrando a letra da música em tamanho garrafal. A banda começou a tocar I’m in Heaven e a cantora parecia conseguir seguir a letra. Os risos disfarçados da banda começaram à primeira fífia da cantora «Aaaahh-min réeevan ba diu ba di ba di», mas depressa se tornaram em olhares preocupados assim que perceberam que não iriam ter muito mais que grunhidos de voz arrastada «Aaahh caen aaaaaaa-dliciii». Aos poucos cortam-lhe o microfone e apressaram o final da música. O resto de espectáculo foi instrumental, com uma cantora de trombas a assitir esparramada numa cadeira nos bastiadores.
Os músicos demonstraram um grande sangue-frio e profissionalismo perante a monumental bebedeira da cantora, mas foi impossível disfarçar a bronca.
Foi sem dúvida um triste espectáculo, mas lembro-me bem das gargalhadas que davas.
Melhor que isso é recordar as vezes que dançamos naquela sala ou até mesmo a nossa participação no concurso de dança.
Como dizia a música nós estavamos mesmo “in heaven”.
Nao seria a Amy Winehouse?
Muito bem visto.
Mas esta talvez fosse a mãe dela.
gente ola a todos . acho que todo ser humano e falho vcs acham que so porque e uma cantora ou artista nao tem o direito de falhar me poupem , vcs jornalistas que sao deshumanos que apenas querem vender noticias sem se preocupar que estao falando de seres humanos falhos e que esses ser humanos tem familia problemas …sejam menos criticos
Ninguém aqui está a tentar vender notícias, nem sequer sou jornalista. A cantora é uma profissional e deveria comportar-se como tal. Actuar bêbada não é correcto, por muito humana que seja.