Aerograma

Isento de Porte e de Sobretaxa Aérea

03 2010

Higiene automóvel

Os luandenses adoram os seus carros. Mesmo as viaturas mais modestas têm autocolantes, aplicações de cromados, vidros escurecidos e um rádio a tocar bem alto. Tratam das máquinas como não tratam da cidade, mantendo-as limpas e bonitas.

Apesar de haver muita gente a quem não faz confusão nenhuma atirar lixo pela janela, há um verdadeira obsessão colectiva pela limpeza dos carros. Em qualquer esquina há alguém a lavar o carro a pano e, no centro de Luanda, há muitos rapazes que ganham a vida lavando carros com água que retiram das valetas ou de fugas da rede pública. Como é proibido lavar os carros na via pública, a fiscalização, quando não está ocupada a procurar máquinas de ar condicionado a pingar nos passeios, costuma esperar pelos donos para lhes aplicar a multa da lavagem indevida.

Albino a lavar um carro
Ganhando a vida

Na periferia florescem autênticas lavagens automáticas nos vaus dos rios que ainda marcam a paisagem. Com um gerador, uma bomba e uns metros de mangueira nasce um negócio lucrativo. Desde que haja água e gasóleo para o gerador não há mãos a medir para tanto cliente.

Os principais clientes são as frotas de candongueiros, porque os motoristas têm de entregar a carrinha lavada e atestada ao final do dia. Também não é invulgar encontrar carros da polícia e pesados nestes sítios.

Em virtude do clima e das condições da maioria das estradas de Luanda os preços praticados variam consoante a estação do ano. No Cacimbo, com muito pó, uma lavagem à beira-rio custa cerca de 500 Kz, mas com a lama do Verão o preço sobe para quase o dobro.

Acerca do autor

1

Nascido no século passado com alma de engenheiro, partiu para Angola, de onde envia pequenos aerogramas.

2 respostas a “Higiene automóvel”

Nota: Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados.
  1. Meu Caro,

    “Roubei” esta foto para o meu blogue, obviamente citando a fonte. Foi para ilustrar uma história com trinta e muitos anos sobre um outo puto albino, o Tito – construtor de Toyotas.

    Um abraço do,

    Orlando Castro

  2. E o sapato, Afonso?

    O sapato sempre a brilhar, independentemente das toneladas de lama desta cidade…

    lol

Deixe uma resposta

Nota: Os comentários apenas serão publicados após aprovação. Comentários mal-educados, insultuosos ou desenquadrados serão apagados de imediato.

« - »